A prática é boa para o ganho de tônus muscular, de flexibilidade e melhora da respiração e da postura. Mas seus benefícios vão muito além do físico
Yara Achôa, Fitness Brasil
29/11/2021
Para quem olha a o yoga “de longe”, é comum ouvir comentários do tipo: “yoga não é para mim; é muito parado” ou “é muito difícil fazer aqueles malabarismos das posturas”. Por isso é preciso conhecer sua história para entender que vai muito além do corpo.
“Há muitas definições de yoga, em sua maioria complementares e nenhuma esclarece sozinha todo o sistema. Pode-se começar por defini-la como um sistema de filosofia, um conjunto de técnicas e uma disciplina, sucessivamente. Para Patanjali, seu codificador, o yoga é um estado da mente, um estado meditativo inerente ao ser humano e em profunda relação com o corpo, a ponto de poder ser atingido por meio de exercícios em que mente e corpo interajam”, explica Marcos Rojo, formado em educação física pela Universidade de São Paulo, diplomado em yoga pelo Instituto Kaivalyadhama, PhD em Ciência do Yoga na Índia, Mestre pelo Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, e fundador do Instituto de Ensino e Pesquisas em Yoga (IEPY).
Nasceu como uma prática de monges, com motivos espirituais, na busca por autoconhecimento. “Até 100 anos atrás, era restrita aos monastérios. Por volta de 1920 foi que começou a ganhar o espaço urbano. E os movimentos praticados tinham por objetivo tornar os músculos fortes e flexíveis como preparação para meditação, para que o corpo fosse capaz de sustentar por horas a postura meditativa. Porque yoga, por definição, é um estado da mente, é meditação”, complementa Rojo.
De qualquer forma, os benefícios do yoga são sentidos no corpo, no dia a dia de quem pratica: há ganho de tônus muscular, de flexibilidade e melhora da respiração e da postura. “Fisiologicamente é uma espécie de massageamento interno”, diz o especialista. Pesquisas ainda apontam que a prática pode atuar na melhora de diabetes e pressão alta, controle da ansiedade e da depressão.
Em seu mestrado, Marcos Rojas conseguiu observar ainda os efeitos de exercícios respiratórios de yoga na função pulmonar de pacientes com Distrofia Muscular de Duchenne. “Com isso, a criança ia menos ao hospital e ganhava em qualidade de vida.” E mais: o yoga demonstrou resultados positivos aplicado como cuidado integrativo nos hospitais. “É aliado do tratamento alopático para dar suporte e conforto ao paciente.”
Todo mundo pode
O especialista indica a prática para crianças a partir dos 12 anos – embora antes ela possa ter contato por meio de atividades lúdicas. “Até pacientes no leito podem se beneficiar com uma prática respiratória, uma meditação.”
Sobre o desconforto e o medo diante de algumas posturas, Rojo acredita que alguns podem levar mais tempo para se adaptar. “Mas é como escovar os dentes ou tomar banho. Em um primeiro instante, você pode não estar a fim, porém depois sente o bem-estar. E temos de acabar com a ideia de que exercício não é prazer. Pode e deve ser prazer. Exercício é um privilégio, deve ser agradável. Se não for, pelo menos que você não sofra.”
Uma dica do mestre para quem quer começar: vá de coração aberto. “Se vai de acordo com o que você pensa, fique, se não, procure outro. Sentiu que está esquisito, saia. Eu pratico e recomendo o yoga tradicional, com auto-observação e autoconhecimento.”
Um método super
Há cerca de sete anos, o professor de educação física e fisiologista Paulo Junqueira, praticante de yoga há décadas, desenvolveu um método de fortalecimento físico e mental que utiliza as posturas do Hatha Yoga, possui séries próprias e tem como diferencial as dinâmicas, repetições e permanências nos asanas (posturas). Assim nasceu o Superioga. “É uma inovação ao convencional, tanto pela sua intensidade quanto pelo dinamismo, fatores que permitem ao aluno exercitar o corpo (trabalho cardiovascular e neuromuscular) e a mente (meditação ativa) de forma segura a consciente”, explica.
Segundo ele, é uma atividade que usa conceitos da educação física aliados às posturas menos complexas do yoga, portanto, segura para todos os grupos, com movimentos e respirações praticáveis. “É um método contemporâneo, baseado na ciência, que trouxe modernidade para a prática milenar.”
Entre os benefícios, estão melhora do tônus muscular, da flexibilidade e do equilíbrio, melhora da ansiedade e da concentração.
Crescimento durante a pandemia
A procura do yoga deu um salto no período de isolamento social. Sem poder sair de casa, com ansiedade, medo, estresse dentro de casa, a saída foi buscar conforto.
“Desde o início, queríamos oferecer algo para as pessoas. Começamos com lives e foi um sucesso. Confesso que não acreditava em aulas à distância. Mas descobri as ferramentas, enxergo os alunos e consigo fazê-los progredir. Assim, abrimos o leque e temos alunos no mundo inteiro. 80% dos que iniciaram conosco na pandemia, continuaram”, conta Marcos Rojo, que atualmente oferece aulas online de yoga (as presenciais voltarão em fevereiro de 2022) e cursos online de capacitação em yoga pelo Instituto de Ensino e Pesquisas em Yoga (EPY).
Paulo Junqueira tinha acabado de inaugurar seus quatro estúdios de Superioga em São Paulo quando a pandemia chegou. Mas graças a estrutura digital que já possuía, conseguiu manter e ampliar seu trabalho. “O que passamos não foi por acaso. O holístico cresceu para pessoas entenderem que é importante olhar para si. Estamos vivendo uma nova era, um novo mundo. Quero acreditar que estamos no caminho da evolução”, justifica. Agora, ele segue em esquema híbrido, com aulas presenciais e online e cursos 100% digitais.
Cuidar do corpo e da mente nunca foi tão importante!
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