A consultora sênior na area de Marketing e Experiências no projeto da Copa do Mundo no Qatar contou com exclusividade ao FitBR News como estão os preparativos para a maior e mais esperada competição de futebol do planeta
Yara Achôa, Fitness Brasil
20/5/2022
180 dias correspondem a seis meses. Parece um tempo distante para quem aguarda ansiosamente a bola rolar, mas passa em um piscar de olhos para quem está com a mão na massa, trabalhando para que o grande evento mundial do futebol seja entregue de forma impecável.
Formada em Educação Física pela Universidade de São Paulo e especialista em Customer Experience, com mais de 15 anos de experiências nacionais e internacionais em megaeventos de entretenimento e esportivos, liderando e desenvolvendo as áreas e os serviços de atendimento e experiência ao visitante / usuário de diversas nacionalidades, Carol Ghorayeb é uma dessas profissionais que já respira Copa do Mundo todos os dias.
Ela, que atuou no comitê do Jogos Rio 2016 e no comitê da Expo 2020 Dubai, agora está no Qatar trabalhando como PMO da área de Marketing e Experiencias no projeto da Copa do Mundo FIFA 2022. E de lá falou com exclusividade ao FitBR News, contando sobre os bastidores e o clima da Copa no Oriente Médio. Confira!
Como está o clima no Qatar com a Copa do Mundo?
As ruas começaram a ser decoradas para receber as delegações para o sorteio das chaves, no início de abril, o que fez com que o país ficasse mais com a cara de Copa. Existem muitas obras em andamento ainda, que começaram há alguns anos – obras para melhorar a cidade, o trânsito, os acessos –, mas já dá para sentir o clima.
Para a organização, 180 dias é muito ou pouco tempo?
É pouco tempo. Passa muito rápido. Quando nos dermos conta, já estaremos abrindo os portões dos estádios. A fase de planejamento está acabando, algumas entregas já foram feitas, os grandes eventos pré-Copa já aconteceram. Nesse momento, estamos na fase operacional. Logo começaremos a seleção de voluntários, treinamento, contratação para a operação.
Algumas coisas se resolvem “em cima da hora”?
Sim. Várias. É impossível prever tudo em um evento, ainda mais do porte de uma Copa do Mundo. Tentamos antecipar o máximo possível, mas imprevistos sempre acontecem. Estamos sujeito a clima, a fatores externos que fogem do nosso controle, e na hora você tem de ajustar a operação para fazer a coisa acontecer. Um exemplo: no Parque Olímpico do Rio 2016, fizemos todo o planejamento e as instalações de grades para gestão de público, tudo contratado, instalado. Um dia antes de abrir o Parque, tivemos uma ventania absurda, que derrubou um monte de grades. Por medida de segurança, rapidamente tivemos de remover tudo.
Em termos de organização, existe muita diferença entre eventos como Copa do Mundo e Olimpíadas?
Sim. As Olimpíadas têm diversas modalidades, temos que entender diferentes formatos de competição e perfis de torcedores. Copa é exclusivamente futebol, o que faz com que tenhamos mais ou menos um mesmo perfil. Nas Olimpíadas temos perfis diferentes de torcedores por modalidade. Quem assiste golfe é diferente de quem assiste tênis, futebol, basquete ou tênis de mesa. Então, para a organização, temos modelos diferentes de planejamento.
O fã de futebol vai se surpreender com a organização no Qatar?
Não só com organização, mas com o todo, por ser no Oriente Médio, por ser em país diferente, um país menor. É um mundo diferente, em termos de cultura, comportamentos, regras, leis. O torcedor que vier ao Qatar vai se encantar com a cultura e com o que Oriente Médio tem a ensinar.
Nessa Copa aponto como grande diferença e fator positivo também o fato de termos os estádios muito próximos uns dos outros – cerca de meia hora de distância. Então, será possível assistir a vários jogos no mesmo dia.
Desde quando você está no Qatar e como é seu dia a dia trabalhando na organização?
Comecei a trabalhar para Copa em novembro de 2021, ainda no Brasil, inicialmente de forma remota, mas no fuso horário do Oriente Médio. Então tinha de acordar as uma hora da manhã para começar a participar das reuniões. E seguia o dia no horário deles. Quando terminava, era meio-dia no Brasil e eu continuava com minha rotina de cuidar da casa, da família… Foi difícil esse primeiro mês. Eu vim pra ca em dezembro, cheguei para o Fifa Arab Cup, e logo comecei a trabalhar. Hoje minha rotina já está estabelecida.
O fato de ser mulher, trabalhando no universo do futebol, em um país como o Qatar, traz alguma dificuldade?
Não vejo qualquer dificuldade. Inclusive existem muitas mulheres trabalhando no comitê, muitas dos países árabes e muitas muçulmanas. Não tem diferença.
O que você espera da Copa do Qatar como evento e profissionalmente?
Será o primeiro grande evento esportivo nessa região. E isso certamente vai abrir portas para outros grandes eventos esportivos no Oriente Médio. Eles querem trazer novas competições e novas modalidades para cá. Para mim, profissionalmente, será minha primeira Copa do Mundo. Mais uma experiência única. É também minha primeira vez no marketing o que abre novas portas para a minha carreira.
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