Por Aylton Figueira Junior, colunista Fitness Brasil
Na última edição da IHRSA Fitness Brasil, entre os dias 17 a 20de agosto, pudemos apresentar para mais de 300 profissionais de educação física e da saúde a temática mundialmente preocupante: “Ambiente obesogênico e o impacto na saúde”.
O caminho que a obesidade e a inatividade física se apresentam no mundo demanda atenção de gestores em saúde e profissionais de Educação Física. Os gastos públicos em todo o mundo, associado a obesidade e excesso de peso (38 – 45% dos adultos em situação de obesidade) atingem 400 bilhões de dólares, no custo direto com a saúde, levando a perda entre 6-15 anos na expectativa de vida e entre 12-19 anos de vida saudável.
No Brasil, até 2030, teremos 32,37% dos homens com IMC acima de 30kg/m2 e 47,26% entre as mulheres. Essa condição demandará acima de 23 trilhões de reais com os custos diretos associados aos agravos da obesidade e excesso de peso.
A condição obesogênica que se vive no mundo deve ser entendida como “a associação de fatores ambientais que desempenham força nos hábitos nutricionais e no nível de atividade física de adultos.”
Torna-se eminente aumentar o nível educacional da população sobre a importância do estilo de vida fisicamente ativo, que aliado aos contextos ambientais e demais fatores comportamentais, aumentam o risco no desenvolvimento das doenças crônicas. Com essa perspectiva, os profissionais de educação física que atuam com treinamento personalizado, independente de faixa etária e condição de saúde, poderiam considerar na anamnese inicial a identificação de fatores comportamentais.
Na minha prática diária com meus clientes e em nossas pesquisas no Programa de Mestrado e Doutorado da Universidade São Judas Tadeu-Grupo de Estudos em Treinamento, Atividade Física e Saúde, temos utilizado a visão ecológico do comportamento. Consideramos que alguns indicadores são importantes, pensando incialmente em identificar o PROBLEMA-CAUSA-SOLUÇÃO.
O PROBLEMA: será identificado quando o profissional souber o porquê seu aluno te procurou, a razão, o que é importante para ele. A CAUSA: o profissional deve identificar porque chegou nesta condição, quais foram os comportamentos que geraram essa situação. A SOLUÇÃO: o profissional precisa diagnosticar todos os períodos de sono, tipo e forma de trabalho, tempo sentado, forma de deslocamento para trabalho, escola, etc, indicadores dos hábitos alimentares, hábito no uso de telas (smartphones, tablets, televisão e computador), consumo de bebidas alcoólicas, tipo de residência, local desta residência, como seu aluno avalia o entorno/ vizinhança, número de pessoas que residem com ele, quem faz atividade física na residência, praças/ parques/ segurança/ iluminação, preferências nas horas de lazer sozinho com membros da família, indicadores de estresse, identificar o nível de atividade física da vida diária (eu uso o IPAQ), questionário de motivação e motivos. Ainda eu uso o Inquérito chamado AUDIT para consumo de bebidas alcoólicas, questionário de qualidade de sono Pittsburg, inventário de dor McGill. Esses são exemplos, mas ajudarão o profissional a entender de forma ecológica a vida deste indivíduo. Essa visão temos estudado há mais de 20 anos, o que torna o seu entendimento mais aprofundado de todas as causas/ necessidades e expectativas do seu alunos.
Para reduzir o efeito obesogênico que todos nós sofremos, sua visão deve ser da realidade. Aliás se dizemos que o programa é personalizado, NÃO PODE SER SÓ BASEADO NO EXERCÍCIO, mas personalizado para a vida dele.
ATENÇÃO: Não é a vida dele que deve entrar no seu programa de exercícios, mas o seu programa de exercício que deverá entrar na vida do seu cliente.
Faça o cálculo das cargas semanais, em planilha, e veja o que você previu para a semana e considere o que realmente ele fez. Pode ser que um dia tenha dormido mal, que a preocupação da vida diária altere esse processo. Pense nisso.
Na próxima coluna falaremos como eu aumento a aderência dos meus clientes a partir das cargas de treinamento.
Sucesso sempre!
Aylton Figueira Junior: formado em Educação Física, mestre e doutor em Adaptação Humana, saúde e atividade física pela UNICAMP, docente do Programa de Mestrado e Doutorado em Educação Física da Universidade São Judas Tadeu. Membro do American College of Sports Medicine e Japan Society of Exercise Fisiology. Autor de oito livros, 24 capítulos e mais de 400 artigos científicos. Criador da certificação PROFISSIONAL DO FUTURO. Sócio proprietário da Clínica Ostheos-Equilibrio Físico. Instagram @ayltonfigueira.dr
Como sempre, uma matéria espetacular do meu mestre . Parabéns 👏👏👏vc é fera demais.