Por Aylton Figueira Junior, colunista Fitness Brasil
Os programas de exercícios, na sua maioria, mostram que os praticantes buscam melhorar a composição corporal, com a visão de melhora da saúde. Embora o conceito de saúde seja distante da relação imediata com redução da gordura corporal e aumento da massa muscular, é fato que reduzir a adiposidade traz uma série de benefícios na vida mais saudável e prevenção de doenças crônicas.
Entretanto a pergunta é: qual a melhor prescrição de treinamento na melhora da composição corporal? Vamos considerar as possibilidades: o que seria melhor: prescrever exercícios com base na resposta aeróbica ou exercícios de força? Qual a combinação de intensidades: moderada ou vigorosa?
A resposta para essa pergunta seria diferente em função da duração do programa de exercícios. A maior parte dos estudos tem mantido intervenções em 12-16 semanas com duração de 60 minutos e três vezes na semana. A pergunta mais importante seria: se acompanhássemos por um ano, será que o resultado na composição corporal seria similar entre as prescrições baseadas no treinamento aeróbico e de força? Será que faria diferença se a intensidade fosse moderada ou vigorosa?
Para responder a essa pergunta, um estudo muito interessante conduzido por Davis, ME, et al Impact of training modes on fitness and body composition in women with obesity: A systematic review and meta-analysis, publicada no Obesity Research Journal, (2021), fez essa comparação.
O trabalho comparou os protocolos: Exercício aeróbico em intensidade vigorosa; Exercício aeróbico em intensidade moderada; Treinamento de força com carga elevada; Treinamento de resistência com carga baixa-moderada (R-LM); Exercícios combinados-aeróbico+força com intensidade e carga elevada; Exercícios combinados-aeróbico+força com moderada e carga moderada.
Os resultados mostraram que em relação a redução da adiposidade em 12 semanas, a recomendação mínima é de pelo menos três vezes na semana, com duração de 47 minutos cada sessão, ou seja, pelo menos 150 minutos. Isso significa dizer que, geralmente os programas convencionais com três sessões na semana, 60 minutos, não promovem a longo prazo mudanças significativas, em especial com intensidade moderada.
As respostas mais efetivas ocorreram, com o treinamento aeróbico vigoroso e de moderada intensidade, sendo os mais eficazes na melhora da aptidão física e redução da adiposidade de pessoas com obesidade. Por outro lado considerando a análise do treinamento de força, os grupos que realizaram com cargas moderadas tiveram resultados mais efetivos na redução da adiposidade, sugerindo que pessoas com excesso de peso e obesidade, priorizassem o treinamento aeróbico, ao invés do treinamento de força, mesmo que seja em qualquer uma das intensidades estudadas.
Um ponto interessante que contradiz em muito as expectativas, foi a impossibilidade em afirmar que treinamentos combinados sejam mais efetivos, pois a qualidade metodológica de estudos com essa associação entre treinamento aeróbico+força, tenham apresentado muitos vieses para se ter uma conclusão assertiva na prescrição.
Desta forma, segundo o estudo, os treinamentos aeróbicos com intensidade vigorosa foram mais efetivos que o moderado na melhora da aptidão cardiorrespiratória, com mais de 15,8% de evolução no consumo de oxigênio máximo. O treinamento de força moderado promoveu redução de 1,99 Kg na adiposidade, porém sem diferenças estatísticas.
Em resumo, o estudo aponta que o controle metodológico, pautados nos critérios de inclusão, impedem uma posição concreta, sugerindo que as análises das mudanças sejam feitas pelos a longo prazo, pois em períodos curtos de treinamento, em geral todos os modelos de prescrição apresentem similaridade entre si.
A ciência é assim mesmo. Demonstra ao longo das evidências a prescrição. O que nós profissionais devemos fazer é não atuar baseado nos “modismos”, promessas, sem sustentação.
Aylton Figueira Junior: formado em Educação Física, mestre e doutor em Adaptação Humana, saúde e atividade física pela UNICAMP, docente do Programa de Mestrado e Doutorado em Educação Física da Universidade São Judas Tadeu. Membro do American College of Sports Medicine e Japan Society of Exercise Fisiology. Autor de oito livros, 24 capítulos e mais de 400 artigos científicos. Criador da certificação PROFISSIONAL DO FUTURO. Sócio proprietário da Clínica Ostheos-Equilibrio Físico. Instagram @ayltonfigueira.dr
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