Por Luis Claudio Bossi, colunista Fitness Brasil
Lipoaspiração, lipossucção ou lipoescultura é uma cirurgia que remove gordura de diversos locais diferentes do corpo. Mesmo sendo um dos procedimentos estéticos mais popular no mundo, ela passou por alterações desde o início de sua realização: é considerado um procedimento seguro, mas o número crescente de relatos de perfuração visceral após o procedimento tem aumentado.
Estudos mostram que a idade média dos pacientes que realizam a lipo está na faixa de 50 anos, sendo 73% do sexo feminino e 27% do sexo masculino. Aqui inicia-se um grande problema: as mulheres nesta faixa de idade estão próximas ou já chegaram à menopausa, onde a gordura femural começa a perder sua utilidade principal que está no período reprodutivo e, a partir disso, começa um acúmulo da gordura visceral. Ou seja, a mulher começa a perder as curvas da cintura e há aumento da circunferência abdominal.
Este problema se une ao problema da lipoaspiração que ocorre devido a remoção de gordura subcutânea, que se dá por alterações no hormônio leptina. Ele é o principal responsável pelo controle (desejo) da fome, sendo responsável pela secreção hepática de glicose, diminuindo os níveis de açúcar no sangue.
A leptina é sintetizada predominantemente na gordura subcutânea, que é onde está a meta de redução da lipoaspiração. E trará uma redução desproporcional da concentração de leptina no pós-operatório, alterando a homeostase, diminuindo a taxa metabólica do paciente causando mudanças de longo prazo, predispondo à recuperação do peso. Com níveis menores de leptina para controlar o centro do apetite do cérebro, os pacientes ficam cada vez mais famintos, consumindo mais calorias e, assim, faz com que normalmente recuperem o peso e até aumentem antes do procedimento.
Estudos demonstram que os pacientes que realizaram lipoaspiração retornam a massa gorda ao longo de um ano. Isto acontece na gordura visceral, o que faz aumentar o fator de risco para distúrbios metabólicos, como dislipidemia, hipertensão, resistência à insulina e diabetes tipo 2.
A lipoaspiração abdominal não induz à regeneração da gordura subcutânea, mas desencadeia um aumento compensatório da gordura visceral, que pode ser efetivamente neutralizado pela atividade física.
Um outro dado alarmante é que ocorrem perfurações em 52% dos pacientes e 14% morreram durante a internação, 41% receberam alta sem sequelas e 45% evoluíram com complicações após a alta.
Embora a lipoaspiração ofereça benefícios em algumas circunstâncias, o ideal seria realizar mudanças gerais no estilo de vida, incluindo melhoria na qualidade nutricional, dieta, atividade física e exercícios. Na matéria anterior dei detalhes da gordura subcutânea e visceral. Leia aqui.
Luis Claudio Bossi é mestre em metodologia do treinamento esportivo – ISCF Manuel Fajardo, Havana, Cuba, revalidado pela medicina da UNB, Brasília. Especialista em Treinamento Desportivo FMU, Musculação FMU, Condicionamento Físico em Academia ESEFM. Atualmente é professor e pesquisador do Centro Universitário das Faculdades Associadas de Ensino (UNIFAE), de São João da Boa Vista (SP), professor de pós-graduação, palestrante, autor de oito livros nas áreas de musculação, funcional e HIIT
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