Entenda os conceitos e como impactam de formas diferentes na saúde da população
Yara Achôa, Fitness Brasil
23/11/2022
A diferenciação entre os conceitos de atividade física e exercício físico foi estabelecida há poucas décadas. Em um artigo publicado em 1985, o pesquisador Carl Caspersen, do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), de Atlanta, Estados Unidos, apresentou a classificação que conhecemos e utilizamos hoje.
De acordo com Caspersen, atividade física é qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que resulta em gasto energético maior do que os níveis de repouso. Inclui deslocamentos, atividades laborais, afazeres domésticos e atividades físicas no lazer. Por exemplo: praticamente tudo que realizamos no dia a dia, desde limpar a casa, até subir um lance de escada, andar até a padaria e pedalar no final de semana.
Já exercício físico é definido como uma atividade que eleva o gasto energético. É uma das formas de atividade física que apresenta caráter planejado e estruturado, como frequência, duração e intensidade. E tem por objetivo a melhoria e a manutenção de um ou mais componentes da aptidão física. Por exemplo: uma caminhada de uma hora sem parar e com ritmo intenso e constante.
Ambas as formas são importantes. “Qualquer quantidade de atividade física é melhor do que nenhuma, e quanto mais, melhor. Todo mundo deve tentar ser o mais ativo possível em sua rotina diária. Mas o exercício físico concede benefícios adicionais à saúde”, atesta o professor Luis Carlos de Oliveira, membro Diretor do Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul (Celafiscs), coordenador dos Cursos de Pós–Graduação da USCS/ Celafiscs e assessor técnico-científico do Programa Agita São Paulo da Secretaria de Estado da Saúde, lembrando também que exercício é prerrogativa do profissional de Educação Física.
Para o bem-estar em geral, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda de 150 a 300 minutos de atividade física de moderada intensidade por semana (ou atividade física vigorosa equivalente). Oliveira explica que isso tira o indivíduo do sedentarismo e melhora sua qualidade de vida, podendo ajudar a reduzir os riscos de mortalidade e de desenvolver doenças como câncer e diabetes. Já o exercício físico, além de todos os benefícios da atividade física, é eficaz para manter o controle do peso, melhorar a qualidade do sono e a preservação da cognição, reduzir sintomas depressivos, além de também ajudar no tratamento e controle de diversas doenças crônicas, entre outras coisas.
Criação de um hábito
Mestre e doutor em Adaptação Humana, saúde e atividade física pela Unicamp, docente do Programa de Mestrado e Doutorado em Educação Física da Universidade São Judas Tadeu; e membro do American College of Sports Medicine e Japan Society of Exercise Fisiology, Aylton Figueira Junior vai além na comparação entre atividade e exercício e fala da necessidade de se ter prazer na prática física. “O exercício parte de algumas condições que extrapolam a situação dos benefícios em si. Não é usual sentir prazer enquanto você passa aspirador na casa ou acelera o passo para pegar o ônibus. Já o exercício traz a perspectiva do prazer”, diz.
Para ele, a prática do exercício físico deve contar com o sentido da diversão, na intenção de que será bom repeti-la. “Não pode ser sacrifício. É preciso ver razão no que se faz e gostar disso. Não olhar só o resultado, mas o processo. Daí será entendido como hábito.”
Na construção do saudável hábito do exercício físico, a atividade física é a porta de entrada. Mas é necessário passar por estágios para a desejada mudança comportamental. No modelo transteórico, essa evolução tem cinco etapas (pré-contemplação; contemplação; decisão ou preparação; ação; manutenção). “Se o indivíduo dá um salto muito grande, são enormes as chances dele desistir. Por exemplo: em outubro a pessoa era completamente sedentária. E entrou para uma academia para emagrecer para o verão. Em fevereiro, já abandonou, porque não teve mudança de comportamento. Ela não começou pela atividade física. Quando incorpora, se conscientiza e começa a mudar hábitos, a tendência de se engajar é maior”, explica.
Aylton Figueira concorda que nenhuma mudança é rápida. Para a atividade física contribuir com a criação do hábito, ele sugere incluir atividades físicas de lazer – a que você faz em seu tempo livre, como caminhar com um amigo três vezes por semana, pedalar no parque – que tragam prazer, estímulo e motivação. “A atividade física contribui com o exercício físico quando eu tenho desejo de fazer isso para mim! É dessa forma que começamos a incorporar o hábito”, conclui.
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