Manter o corpo em movimento colabora, de modo geral, para saúde e bem-estar. E é essencial para pacientes com hiper e hipotensão. O professor Igor Conterato, Doutor em Saúde Pública, explica porque
Yara Achôa, Fitness Brasil
13/12/2022
(com informações da Agência Einsten)
As doenças cardiovasculares são as que mais matam no Brasil e respondem por 30% de todas as mortes. São cerca de 400 mil óbitos por ano, ou cerca de mil por dia. Mais de 14 milhões de brasileiros têm alguma doença do coração, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Recentemente, a World Heart Federation lançou uma estratégia com a meta de reduzir a mortalidade global por essas causas em 33% até 2030. “Não basta só fazer um check up”, diz o cardiologista Humberto Graner, do Hospital Israelita Albert Einstein em Goiânia. “Cuidar do coração é uma tarefa de todos os dias.”
E esse cuidar diário passa pela prática regular de exercícios físicos. Isso porque eles provocam uma série de respostas fisiológicas, resultantes de adaptações autonômicas e hemodinâmicas que vão influenciar o sistema cardiovascular. Diversos estudos demonstraram o seu efeito benéfico sobre a pressão arterial.
Para entender mais sobre o assunto e destacar os principais cuidados na prescrição de exercícios para esses pacientes, conversamos com o Professor Igor Conterato, formado em Educação Física e Doutor em Saúde Pública. Confira!
Como o exercício influencia a pressão arterial?
Durante a realização de exercício físico, seja ele resistido (musculação) ou aeróbio (caminhada/ corrida), temos um aumento de fluxo sanguíneo (aumento da frequência cardíaca) e compressão do músculo sobre os vasos sanguíneos. Aumentando a quantidade de sangue que passa por dentro dos vasos – e ao mesmo tempo esses vasos sendo “apertados” pelos músculos por fora –, a pressão sanguínea aumentará.
Por essa razão, a prescrição de exercício físico deve ser realizada por um profissional de Educação Física capacitado, pois ele saberá como adequar a relação esforço /pausa para que a pressão não aumente de maneira significativa em um hipertenso.
Contudo, após a realização da prática do exercício, o corpo libera hormônios que aumentam a dilatação dos vasos e diminuem o fluxo sanguíneo, gerando o que chamamos de efeito hipotensor do exercício físico. Aqui está o grande desafio da prescrição de exercício para o hipertenso: prescrever exercício físico de forma a não aumentar significativamente a pressão arterial durante o treino e, ao mesmo tempo, gerar efeito hipotensor pós exercício de maneira significativa, para o que o indivíduo reduza a pressão arterial já ao final da sessão.
Quais são os principais benefícios dos exercícios para quem tem pressão arterial elevada?
Eles são essenciais para melhorar aspectos físicos e emocionais de qualidade de vida de modo geral: melhoram o sono, a alto-imagem, a funcionalidade, aspectos de ansiedade e depressão e, se realizados em grupo, aspectos sociais. Para hipertensos entram como medida terapêutica não medicamentosa e, devido à complexidade da relação entre exercício e pressão arterial, devem ser prescritos apenas por profissional de Educação Física capacitado para atender esse público.
Quais são os exercícios mais indicados para quem tem pressão alta? E quais os cuidados?
É importante ressaltar que indivíduos com a pressão igual ou superior a 140/100 mm/Hg são considerados hipertensos e que o diagnóstico deve ser proporcionado apenas por médico. Sobre os tipos de exercício, hipertensos podem realizar exercícios resistidos (musculação), aeróbio (caminhada/ corrida) e isométrico de preensão manual.
O mais indicado é o exercício aeróbio devido a sua facilidade de realização e por apresentar maior evidência científica em redução de pressão arterial. No entanto, em uma sessão de treinamento, podemos utilizar os três tipos. Tudo dependerá da pressão arterial inicial do hipertenso.
São inúmeros os cuidados que o hipertenso deve tomar ao realizar exercício, mas o principal é a verificação da pressão arterial antes de iniciar qualquer prática, pois a prescrição com tipo, intensidade, volume e densidade vai depender dos valores pressóricos iniciais.
Quem tem pressão baixa pode fazer exercícios? Quais os cuidados?
Sim – e de todos os tipos. Mas assim como em hipertensos, é essencial a verificação da pressão arterial. Além disso, é importante dar preferência para exercícios resistidos, com pouco tempo de intervalo entre as séries. E um dos cuidados importantes é, ao final da sessão, procurar colocar as pernas para cima, para evitar o efeito hipotensor da atividade.
Outros cuidados são: realizar exercício no período da manhã ou à noite ou em ambiente climatizado, pois o calor reduz ainda mais a pressão arterial. Outro ponto de atenção é treinar em muita intensidade, pois o efeito hipotensor do exercício pode proporcionar mal-estar durante e até ao final da sessão.
Pode fazer exercício físico quando a pressão estiver baixa/ alta?
Sim! No entanto, a técnica precisa ser adequada, para que não coloque o hipertenso em nenhum tipo risco cardíaco. Por isso a prescrição precisa ser realizada por um profissional de Educação Física capacitado a trabalhar com esse público. Pois você pode estar com a pressão alta, mas ela estar 142/101 mm/Hg e aí a prescrição será completamente diferente do que se você chegar para fazer exercício e a pressão estiver 158/109 mm/Hg. No entanto, ambos podem realizar exercício, mas o profissional fará adequações no treinamento.
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