Por Alexandre Evangelista, colunista Fitness Brasil
Embora as mudanças no meio ambiente tenham indubitavelmente impulsionado o rápido aumento da sua prevalência, a obesidade é resultante de uma interação entre fatores biológicos, ambientais e inatos.
Fundamentalmente, há um forte componente genético subjacente à grande variação interindividual no peso corporal que determina a resposta das pessoas a esse ambiente “obesogênico”. Estudos com gêmeos e membros da mesma família estimam que a hereditariedade da obesidade esteja entre 40% e 70% (Loos e Yeo, 2022). Como consequência, as abordagens genéticas podem ser aproveitadas para caracterizar os mecanismos fisiológicos e moleculares subjacentes que controlam o peso corporal.
Para Loos e Yeo (2022) a obesidade pode ser dividida em duas categorias:
– Obesidade monogênica: tipicamente rara, de início precoce e grave e envolve deleções cromossômicas pequenas ou grandes ou uma defeitos em um único gene.
– Obesidade poligênica (ou obesidade comum): é o resultado de centenas de polimorfismos*, cada um com um efeito pequeno. A obesidade poligênica segue um padrão de hereditariedade semelhante a outras características e doenças complexas. Os genes relacionados à obesidade comum, ou poligênica, estão envolvidos em uma ampla variedade de funções biológicas, como a regulação da ingestão alimentar, do gasto energético, do metabolismo lipídico e da glicose e o desenvolvimento do tecido adiposo.
Então, realmente parece existir um componente genético importante associado a obesidade que deve ser considerado. Mesmo assim, o ambiente externo ainda parece ser, de forma geral, o grande responsável pelo desenvolvimento da obesidade em longo prazo.
Em resumo: a genética parece determinar quem se tornará obeso, e o meio ambiente parece determinar a extensão da obesidade. Altos níveis de atividade física no dia a dia (exemplo: caminhar com o cachorro, usar escadas com frequência etc.), a prática regular de exercícios (de três a cinco vezes na semana, combinando o cardio + treinamento de força) e uma alimentação equilibrada (prescrita por nutricionista), ainda serão mais fortes do que a hereditariedade para o ganho de peso.
Pessoas que têm pais obesos não se tornarão, necessariamente, obesos – caso adotem os hábitos acima descritos. O ambiente obesogênico, que dificulta as escolhas saudáveis e favorece o sedentarismo e hábitos alimentares inadequados, ainda é o principal responsável pelo ganho de peso em longo prazo.
Fonte: Loos, R.J.F., Yeo, G.S.H. The genetics of obesity: from discovery to biology. Nat Rev Genet 23, 120–133 (2022). https://doi.org/10.1038/s41576-021-00414-z
Alexandre Evangelista é mestre e doutor em ciências na área da saúde, autor de sete livros, coordenador dos cursos de pós-graduação em Educação Física (Estácio e FMU)
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