Conhecimento a respeito da vida e dos ciclos femininos ajuda profissionais da área a trazer cada vez mais mulheres para a prática, contribuindo para sua saúde e bem-estar. Vamos refletir sobre isso?
Yara Achôa, Fitness Brasil (*)
8/3/2023
Foi-se o tempo em que esporte era coisa de homem. Ao longo do século XX, não só as mulheres do ocidente brigaram e conquistaram mais competitividade ao lado dos homens, inclusive no esporte, como reduziram muito a distância que havia entre as melhores performances feminina e masculina. Descobrindo do que eram capazes, as atletas galgaram seu lugar nas mais variadas modalidades esportivas, provando que a atividade física é um bem universal, cujos ganhos vêm para quem se habilita a praticá-la.
Foi derrubada a crença de que as mulheres têm menor capacidade para modalidades que não sejam de expressão, como a dança e a ginástica rítmica, e abriu-se espaço, não sem resistência, para que participassem, também, em áreas antes restritas aos homens. Assim, surgiram revelações femininas nas lutas, nos jogos com bola (inclusive os mais agressivos, como futebol e rúgbi), no atletismo, no fisiculturismo e tantas outras. Hoje não existem modalidades esportivas exclusivamente masculinas.
Uma das melhores consequências dessa conquista feminina foi a ampliação dos estudos (ainda insuficientes) acerca dos efeitos da atividade física sobre a saúde da mulher, trazendo descobertas muito importantes. Hoje, sabe-se que a prática física regular proporciona para a mulher, além dos benefícios usuais garantidos também aos homens, uma série de melhoras exclusivas. No entanto, parece haver ainda mais mulheres sedentárias que homens sedentários.
A atividade física tem comprovado sua eficácia em diversos aspectos da saúde feminina, desde a redução de incômodos estéticos, como a celulite, até a prevenção de cânceres ginecológicos e depressão. Portanto é imprescindível compartilharmos mais e mais informações cientificamente embasadas, via mídia, serviços de saúde e nas empresas, que contribuam para a conscientização e a adoção de comportamentos saudáveis.
Se há diferenças entre a mulher e o homem que possam justificar sua separação nos esportes em categorias e em níveis diferentes, elas não são apenas culturais. A biologia feminina é diferente da masculina em vários aspectos relacionados à aptidão física e à performance, o que torna impraticável a competição igualitária entre atletas dos dois gêneros. Não há impedimentos genéticos à integração feminina a esportes antes exclusivamente masculinos, mas certamente há na mulher limites reais e características específicas que a encaminham para um desempenho diferenciado.
Em algumas modalidades, essas diferenças não permitem que uma mulher, por mais treinada que esteja, alcance o desempenho de um homem esportista de alto nível na mesma modalidade. Em outras, a mulher é beneficiada por seu biótipo. Seja qual for o saldo dessas diferenças em ambientes competitivos, é interessante que todas as mulheres, atletas ou não, conheçam seu corpo e saibam tirar dele o melhor proveito.
Diferenças biológicas entre homens e mulheres esportistas
• Mulheres são mais baixas. A diferenciação começa logo nos primeiros meses de vida. A maturação óssea da mulher é mais rápida e termina antes, bloqueando o crescimento numa idade mais precoce que no homem.
• Mulheres são mais leves. A estrutura dos ossos tubulares na mulher é menos densa, ou mais fraca, resultando em um esqueleto 25% mais leve. E também mais propenso a fraturas.
• Mulheres têm o tronco mais longo e os membros mais curtos. o que situa seu centro de gravidade em um ponto mais baixo que no homem. A largura e o formato dos quadris também contribuem para a situação do centro de gravidade.
• Mulheres têm 10% a mais de tecido adiposo e massa muscular menor.
• Mulheres têm menor densidade corporal, pois têm ossos mais leves, menos músculos e mais gordura. Isso facilita a flutuação em meio líquido, o que lhes dá vantagem na natação.
• Mulheres têm o coração menor, pulmão menor, menores vias respiratórias, menos hemoglobina e menor vascularização dos músculos esqueléticos. Em comparação aos homens, ficam, portanto, em desvantagem no aproveitamento e no esgotamento do oxigênio (menor VO2 máx).
• Mulheres têm os tecidos menos densos e ligamentos e músculos mais elásticos. Logo, têm maior capacidade de flexibilidade.
• Mulheres têm menos glândulas sudoríparas e transpiram menos, mas toleram menos o calor (por motivos biológicos). Eles começam a suar primeiro, mas elas apresentam fadiga antes em ambientes menos quentes.
Benefícios Exclusivos
Ciclo menstrual, gravidez, parto, celulite, estrias, varizes, câncer de mama, menopausa. Qual é a mulher que não tem, em algum momento da vida, dúvidas e apreensões a respeito desses eventos tão femininos? Antes de serem ou não incômodos, são eventos de transformação do corpo e que têm uma relação estreita com a feminilidade, a autoestima e, é claro, a qualidade de vida.
Como não poderia deixar de ser, as transformações no corpo da mulher também são objeto de estudo e de ação da Educação Física, que busca esclarecer como a atividade física pode aumentar o grau de proteção e conforto antes, durante e depois dessas transformações.
Se comportamentos preventivos e hábitos saudáveis nos tornam protegidos contra problemas de saúde, eles também ajudam a mulher a conviver melhor com seu corpo em suas várias fases, desde a puberdade até a velhice. Mais uma vez, a atividade física, desde que bem-praticada, mantém e aprimora o corpo, favorecendo o bem-estar e a beleza da mulher.
Portanto, em todas as fases, com a devida orientação por parte de profissionais da Saúde e da Educação Física, vale incentivar a mulher à prática de atividade física.
Acompanhe nos próximos dias matérias exclusivas com grandes mulheres da Educação Física, abordando temas como treinamento, gestão, marketing, experiências, motivação e o maravilhoso universo feminino!
(*) Com informações do livro “Mexa-se – atividade física, saúde e bem-estar”, de Fabio Saba, Phorte Editora
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