Por Alexandre Machado, colunista Fitness Brasil
Em 2017, um grupo de pesquisadores brasileiros publica um artigo, intitulado: High-intesity interval training using whole-body exercises: training recommendations and methodological overview (Clin Physiol. Funct Imaging). O artigo traz uma série de recomendações sobre a prescrição do treinamento com peso do corpo.
Este artigo tornou-se uma referência na comunidade científica para os pesquisadores que estudam o treinamento com peso do corpo, pois é o único com recomendações sobre a prescrição da carga de tempo no treinamento com peso do corpo em alta intensidade.
De uma forma resumida os autores recomendam que para os estímulos de 30 segundos de alta intensidade com o peso corporal, o tempo de recuperação deve ser diferenciado em função do nível de condicionamento, sendo para iniciantes de 60 segundos.
Recentemente o mesmo grupo de pesquisadores submeteu um outro artigo, ainda na versão head of print (submetido mais não aprovado), no qual mostram que indivíduos iniciantes podem e devem usar no treinamento com peso corporal de alta intensidade com o tempo de recuperação igual ao tempo de estímulo – nesse caso 30 segundos de estímulos com 30 segundos de recuperação.
Os autores afirmam com base em um outro estudo do grupo publicado ano passo (2022), em uma das revistas com maior peso científico em nossa área (Frontiers in Physiology). Eles observaram a influência da ordem dos exercícios nas sessões de treino de alta intensidade com peso do corpo e constataram que a seleção de exercícios é um fator de suma importância na sessão.
Com base nessa afirmativa, foram investigar os diferentes tempos de recuperação na sessão e observaram não haver diferença significativa entre os grupos que tiveram tempo de recuperação de 60 e 30 segundos. E, com isso, concluem que se a seleção de exercícios respeitar uma ordem de alternância entre complexos e simples, mesmo os indivíduos iniciantes podem treinar com uma carga de tempo de 1:1 – no caso 30 segundos de estímulo por 30 segundos de recuperação.
Com isso, podemos entender como funciona o avanço da ciência sobre determinado assunto. Ou melhor, como podemos evoluir na aplicabilidade de nossos métodos de treino com a ciência.
Alexandre Machado é profissional de Educação Física formado pelo Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Com Pós-doutorado em Educação Física (UFES), Doutorado em Educação Física (USJT), Mestrado em Motricidade (UCB) e especialização em Fisiologia do exercício (UCB). É autor de 12 livros, pesquisador, técnico tricampeão Brasileiro de corrida de montanha e bicampeão paulista de corrida de montanha. É precussor do HIIT com peso corporal no Brasil, idealizador da metodologia HIIT Body Work e da metodologia VO2Pro de corrida de rua. Atualmente é mentor de treinadores e gestores de assessorias esportivas em todo Brasil
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