A Profa. Dra. Danielli Mello, pesquisadora na área de tecnologia, fala das conquistas das mulheres na área de Educação Física
Yara Achôa, Fitness Brasil
5/3/2024
Durante o mês de março as mulheres são lembradas de forma ainda mais especial em razão das comemorações do Dia Internacional da Mulher, em 8 de março. A data foi oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU) na década de 1970 e simboliza a luta histórica das mulheres para terem suas condições equiparadas às dos homens. Inicialmente, remetia à reivindicação por igualdade salarial, mas, atualmente, simboliza a luta feminina não apenas contra a desigualdade econômica, mas também contra o machismo e a violência.
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Como forma de homenagear as mulheres da área de Educação Física, durante essa semana o FitBR News publicará entrevistas especiais com profissionais que fazem a diferença em nosso mercado. Começamos pela Profa. Dra. Danielli Mello, titular da Escola de Educação Física do Exército, pesquisadora com ênfase em fisiologia do exercício, fisiologia em ambientes extremos, estresse térmico e bioquímica do esporte – e que também é palestrante da IHRSA Fitness Brasil 2024 maior encontro da indústria fitness, saúde e bem-estar da América Latina, que acontece de 22 a 24 de agosto de 2024, no Transamérica Expocenter, em São Paulo. Confira!
Por que você escolheu a Educação Física?
Tive infância e adolescência muito ativas. Com certeza minha escolha vem da admiração por professores ao longo da vida. E na década de 1990 ainda tive a influência da ginástica aeróbica. Esse universo fitness influenciou bastante na hora do vestibular. Eu também sabia que queria trabalhar com saúde e bem-estar, queria ajudar a melhorar a qualidade de vida das pessoas. Foi uma escolha natural e segura.
Na sua opinião, quais foram/ quais são as principais lutas da mulher na Educação Física?
O que acontece em nossa área é um reflexo do que se passa com a mulher na sociedade de forma geral, principalmente quando se fala em acesso à educação e participação no mercado de trabalho. Resgatando um pouco da história, vale lembrar que a inclusão das mulheres nos Jogos Olímpicos da era moderna só aconteceu em 1900 (com algumas limitações e sem direito a pódio e medalhas). Isso mostra o quanto o ambiente de esporte sempre foi muito masculino – seja em relação a maior quantidade de atletas homens do que mulheres; em relação a mais gestores esportivos, a mais treinadores. Qualquer homem mediano se destaca no mercado de trabalho. Já a mulher tem que estudar, se dedicar 10 vezes mais para ter o reconhecimento de seus pares. As coisas vêm evoluindo, mas ainda existem obstáculos. Estamos buscando salários equitativos, mas continua havendo uma disparidade muito grande, até mesmo na distribuição de prêmios entre atletas homens e mulheres e em muitas áreas do esporte. Também vemos essa desigualdade nos eventos acadêmicos – para se ter uma ideia, fui convidada para um evento em que era a única mulher entre 10 homens. Nesse ponto, parabenizo a Fitness Brasil que se preocupada com essa equiparação de gênero em um evento grandioso como a IHRSA Fitness Brasil. Para que tenhamos igualdade em remuneração e reconhecimento, precisamos transformar o mercado.
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E as principais conquistas femininas na área?
A principal conquista que vejo atualmente é a mulher assumindo papel de liderança em diferentes organizações esportivas, em diferentes níveis. Desde a parte escolar, do fitness, da parte acadêmica, parte esportiva, incluindo organizações, ações, confederações, comitês olímpicos, ligas profissionais, conselhos regionais. Ou seja, a mulher saiu do papel de coadjuvante e agora está ligada à tomada de decisões que impactam o mundo esportivo. Com muita luta por espaço, a mulher está sendo reconhecida por suas habilidades, suas características, suas competências. Esse vai ser o grande divisor de águas da Educação Física.
Como você vê o mercado para a mulher profissional de Educação Física?
As mudanças estão acontecendo na sociedade: igualdade de gênero, combate ao assédio, fortalecimento de uma cultura mais respeitosa e inclusiva, igualdade de remuneração e reconhecimento. Isso também reflete no mercado de trabalho da Educação Física. Sou uma pessoa otimista por natureza, apaixonada pela profissão, então vejo isso de uma forma muito positiva e, o que é ainda melhor, com um mercado em crescimento. E dentro da Educação Física consigo enxergar duas vertentes bastante promissoras. Uma é na área em que eu atuo, que é a da tecnologia no esporte, um mercado realmente em expansão. A profissional que souber lidar com essas tecnologias vai se diferenciar. Outra área pouco explorada é a da Educação Física hospitalar. Existe uma quantidade pequena de profissionais qualificados e há uma demanda enorme no mercado. Sou professora, pesquisadora, acadêmica, então acredito na educação continuada. Essa busca constante pelo conhecimento, para mim, é o grande diferencial para a pessoa no mercado de trabalho.
Na IHRSA Fitness Brasil, Danielli Mello será uma das professoras do curso técnico “Prática e aplicação em avaliação física: uma abordagem clínica”, com a aula “Termografia na prevenção e tratamento de lesões esportivas”. Não perca!
Uma mensagem final para a mulher profissional de Educação Física…
Que você seja muito feliz com sua escolha profissional. Pessoas apaixonadas pelo que fazem, não se desmotivam com as dificuldades que vão surgir no dia a dia – e pode ter certeza de que vão surgir muitas dificuldades pessoais e profissionais. Mas no momento em que essas dificuldades aparecerem, que você não recorra à desculpas ou justificativas, tentando colocar a culpa no outro ou se vitimizando na situação. Que você aproveite esse momento para refletir, aprender e evoluir – encare como uma oportunidade de melhoria. Seja extremamente profissional, íntegra e correta. Deixe bem claro sua meta, o que você quer para sua vida profissional. Respeite seus valores, respeite sua equipe, as pessoas que trabalham com você, e siga em frente. Tenho certeza que o caminho vai ser o sucesso!
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