Daisy Motta Santos, diretora científica da Sociedade Brasileira de Atividade Física e Saúde é a segunda entrevistada do especial Fitness Brasil sobre as conquistas das mulheres na área de Educação Física
Yara Achôa, Fitness Brasil
7/3/2024
Dando continuidade às comemorações do Dia Internacional da Mulher, em 8 de março – data oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU) na década de 1970 que simboliza a luta histórica das mulheres para terem suas condições equiparadas às dos homens –, a Fitness Brasil destaca hoje o trabalho de Daisy Motta Santos, diretora científica da Sociedade Brasileira de Atividade Física e Saúde. Ela também estará na IHRSA Fitness Brasil 2024 – maior encontro da indústria fitness, saúde e bem-estar da América Latina, que acontece de 22 a 24 de agosto de 2024, no Transamérica Expocenter, em São Paulo –, com muito conteúdo científico para compartilhar. Não perca!
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Por que você escolheu a Educação Física?
Na época do Ensino Médio, eu pensava em escolher alguma área de biológicas – porque sempre gostei da área de saúde. Mas estava entre farmácia, ciências biológicas e Educação Física. O que acabou contribuindo para minha decisão foi o fato de eu praticar lutas – cheguei à faixa marrom de kickboxing – e ter minha mãe como referência, porque ela sempre fez ginástica, sempre frequentou academia. Isso foi uma grande influência na época.
Enfrentou obstáculos ao decidir pela Educação Física?
Sim. Meu pai não apoiou minha escolha profissional – dizia que a profissão não tinha status. Minha mãe, no entanto, deu total apoio. E na Educação Física a gente sempre viu muito mais destaque ser dado para os homens do que para as mulheres de modo geral. Cursos na área de treinamento esportivo, por exemplo, você encontra muito mais professores do que professoras. Na área de treinamento esportivo é a mesma coisa: muito mais treinadores homens do que mulheres. E igualmente palestrantes em eventos. No meu caso, optando pela carreira acadêmica – sou professora e trabalho com ciência –, a gente também vê isso. Sinto que o espaço para as mulheres ainda é reduzido, não tem uma equidade em termos de gênero. É uma luta, algo que a gente tem que combater. Precisamos ter mais mulheres representando a nossa área da Educação Física.
Como vê a área de Educação Física para profissionais mulheres hoje?
Temos um crescimento maior do que quando me formei, há 20 anos. As mulheres estão ganhando mais espaço em várias áreas. Antes, a maioria das trabalhava mais com dança ou ginástica coletiva. Era um nicho mais específico. Hoje a gente já vê mulheres trabalhando também com treino de força, com musculação. Entre caminhos promissores para mulheres, acredito em wellness, saúde, bem-estar, porque são áreas que envolvem cuidado, envolvem aspectos emocionais. E geralmente a mulher tem mais facilidade em assumir esse papel de cuidar.
Você também estará na IHRSA Fitness Brasil 2024. Que conteúdo irá apresentar?
Participei da IHRSA quando ainda era estudante – e tenho 20 anos de formada! Estar presente mais uma vez nesse evento, ainda mais nessa edição comemorativa de 25 anos, será um grande prazer! Na minha opinião, é um dos melhores da área, extremamente organizado em todos os detalhes. O meu conteúdo não será focado direto no público feminino, inicialmente, mas envolve um pouco, porque vou falar sobre os efeitos da contração do músculo na saúde. A partir da contração desse músculo, o que que acontece? Quais são essas adaptações? São agudas ou crônicas? O tema também vai envolver alguns aspectos de saúde coletiva, de saúde pública. Temos visto vários esforços – recentemente tivemos o Dia Mundial do Combate a Obesidade –, que são muito concentrados em mulheres e crianças, porque as mulheres têm um baixo nível de atividade física quando comparado aos homens. Existem mais barreiras para a prática de atividade física regular entre as mulheres. E é muito importante falar sobre isso.
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Uma mensagem às colegas profissionais da Educação Física.
Acho muito importante quando a gente ocupa uma posição com certa liberdade de escolha, que a gente sempre opte por mulheres para representar a nossa área; que a gente sempre cite outras mulheres para que possamos nos fortalecer dentro da profissão. A Educação Física tem passado por várias mudanças. Desde ser uma área voltada para a questão estética e hoje mais para a saúde. E essas mudanças têm de vir incluindo também mais mulheres em todas as áreas de atuação, incluindo gestão de esportes. Temos de nos unir para que possamos ver mais mulheres em todas as áreas dos esportes. Tenho imensa satisfação de ver meu filho na escola tendo aula de futebol com uma professora, com uma mulher. Acho isso muito legal. Gostaria de ver mais mulheres representando a Educação Física.
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