Por Aylton Figueira Junior, colunista Fitness Brasil
O recente artigo Adipose tissue retains an epigenetic memory of obesity after weight loss (Hinte et al, NATURE, nov, 2024) mostrou os efeitos nos genes do tecido adiposo após a perda de peso.
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O ineditismo do artigo foi mostrar como as alterações epigenéticas, relacionadas as mudanças químicas no DNA, permanecerão nas células adiposas mesmo após a perda de peso, destacando as respostas nos genes ligados à inflamação e fibrose.
As mudanças genéticas dificultarão a manutenção do peso perdido, em função das células responderem de forma “primitiva ao estado anterior, com excesso de peso ou obeso.
O acompanhamento experimental de camundongos obesos mostrou que haverá recuperação do peso maior se a obesidade esteve presente, em comparação a indivíduos que nunca foram obesos.
Dentre os pontos mais aplicados do artigo, fica o conceito que mais importante que emagrecer, é NÃO ENGORDAR. Embora essa condição seja complexa na sociedade atual, pela evidência da redução de mais de 500Kcal/dia em atividades físicas em adultos, e mais de 380Kcal/dia, parece que inferir que a obesidade, como fenômeno populacional mundial, será a nova perspectiva da espécie humana.
As alterações epigenéticas apontadas por Hinte, et al em relação ao tecido adiposo, demonstram que mesmo após perder peso:
- Para cada 1Kg de peso perdido, a sensação de fome aumentará, o que levará a 100 calorias a mais na ingestão;
- Necessidade em manter hábitos saudáveis a longo da vida, pois perder peso é importante, mas manter um estilo de vida saudável depois da perda de peso será essencial para reduzir os riscos de recuperar o peso perdido.
- O metabolismo energético é resistente a mudanças, sendo essencial manter o gasto calórico, e alimentação balanceada, com atenção ao hábito de sono adequado.
- As dietas radicais, com redução drásticas de calorias são ineficazes. Agravando o “efeito da memória do tecido adiposo”. As mudanças drásticas intensificarão esse problema.
- Melhor apostar em mudanças graduais e sustentáveis.
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Frente a essa condição, pelas mudanças no RNA-DNA do tecido adiposo, demonstram que essa memória obesogênica mostram que haverá ganho de peso acelerado após recaídas. A memória epigenética do tecido adiposo se associará as desregulações futuras na transcrição genética dos adipócitos em resposta a dietas ricas em gordura. Desta forma, os resultados do estudo indicam a existência de memória obesogênica, baseada em alterações epigenéticas estáveis, nos adipócitos e em outros tipos celulares. Essas mudanças predispõem as células a respostas patológicas em ambientes obesogênicos, contribuindo para o efeito “sanfona” observado com dietas.
O profissional de Educação Física, desde a infância e adolescência, nas aulas de educação física escolar, deveria olhar sempre a longo prazo, na relação da prevenção ao aumento do peso dos jovens. Ainda, se especializar no treinamento personalizado para adolescentes poderia ampliar o atendimento deste grupo, uma vez que a maior parte dos jovens, faz unicamente aulas de educação física escolar. Sabemos pelas recomendações cientificas que as aulas de educação física escolar, isoladamente, não atendem as diretrizes.
Esses passos serão fundamentais para mitigar as alterações da “memória do adipócito”, evitando o ganho de peso ao longo da vida, melhorar o controle de peso e a saúde no longo prazo.
Não se esqueçam, aumentar a massa muscular, será o foco desse processo
Aylton Figueira Junior: formado em Educação Física, mestre e doutor em Adaptação Humana, saúde e atividade física pela UNICAMP, docente do Programa de Mestrado e Doutorado em Educação Física da Universidade São Judas Tadeu. Membro do American College of Sports Medicine e Japan Society of Exercise Fisiology. Autor de oito livros, 24 capítulos e mais de 400 artigos científicos. Criador da certificação PROFISSIONAL DO FUTURO. Sócio proprietário da Clínica Ostheos-Equilibrio Físico. Instagram @ayltonfigueira.dr
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