Intervenções criativas – entre elas a dança – podem ser incluídas em estratégias de saúde pública e em tratamentos clínicos para atingir benefícios amplos e sustentáveis
Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein
28/2/2025
A prática regular de atividade física é essencial para melhorar a saúde como um todo. Uma revisão de estudos publicada na revista científica Sports Medicine reforça que dançar é muito mais do que apenas movimentar o corpo ao som de uma música. Segundo a pesquisa, a dança é uma forma igualmente eficaz em comparação a outros exercícios estruturados para melhorar a saúde física, psicológica e cognitiva, além de também aumentar a autoestima de quem pratica.
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Pesquisadores da Universidade de Sydney, na Austrália, fizeram uma revisão de 27 trabalhos envolvendo 1.392 participantes. Esses estudos analisaram a eficácia de intervenções de dança, em comparação com programas de exercícios físicos, nos resultados psicológicos e cognitivos ao longo da vida dos voluntários. E concluíram que a dança estruturada, na qual são aprendidos movimentos específicos, pode ter um grande impacto positivo na saúde como um todo, especialmente a mental.
Um dos artigos mostra, por exemplo, que dançar é uma ferramenta importante e eficaz na reabilitação e na melhoria da qualidade de vida de pessoas com doença de Parkinson, reduzindo a ansiedade e melhorando os sintomas depressivos. Além disso, os resultados apontam que a dança é superior a outras atividades para melhorar motivação, aspectos da memória, cognição social e reduzir o sofrimento.
Segundo o fisioterapeuta Felipe Cassiano, coordenador multiprofissional do Centro de Reabilitação e Medicina Esportiva do Hospital Israelita Albert Einstein, a dança combina atividade física, aprendizado cognitivo e interação social – o que pode explicar seus benefícios psicológicos e cognitivos. “Esses achados têm grande relevância para a prática clínica, especialmente porque muitas pessoas têm dificuldades para aderir a programas de exercícios tradicionais. No caso de quem tem doença de Parkinson, por exemplo, a dança pode ser adaptada às limitações motoras e promover melhorias na mobilidade e no equilíbrio, além dos ganhos psicológicos”, afirma Cassiano, que também é formado em balé clássico e técnico em dança.
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No caso do benefício terapêutico em pessoas com Parkinson, diz o fisioterapeuta, ele é alcançado possivelmente por meio de estímulos cognitivos e físicos integrados em um ambiente prazeroso e motivador. Assim, a dança se torna uma alternativa interessante ao aliar os benefícios físicos ao prazer e à motivação gerados pelo ritmo, pelo movimento e pela música.
Incorporar a dança em programas terapêuticos pode aumentar a adesão e melhorar a qualidade de vida, ao mesmo tempo em que cria uma oportunidade de socialização.

Interação social
Segundo o estudo australiano, a natureza social de apoio e a parceria da dança aumentam o prazer do participante e fornecem engajamento social, responsabilidade e relaxamento. Esse é um fator muito importante, já que a socialização desempenha um papel crucial na saúde mental e no bem-estar, especialmente em pessoas idosas, que podem enfrentar isolamento.
“Atividades como a dança estruturada oferecem um espaço para interação, ajudam a promover conexões interpessoais e fortalecem as redes de apoio, promovendo a sensação de pertencimento. Isso é essencial para prevenir a depressão e o declínio cognitivo associados ao isolamento”, ressalta Cassiano. “Além disso, as atividades em grupo podem fomentar responsabilidades mútuas, aumentando o senso de propósito e motivação, enquanto o ritmo da música e os movimentos proporcionam relaxamento e redução do estresse.”
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Intervenções criativas podem ser incluídas em estratégias de saúde pública e tratamentos clínicos para atingir benefícios amplos e sustentáveis, sobretudo em populações como pessoas idosas e pacientes com doenças crônicas. “Essa abordagem baseada em evidências pode trazer uma nova forma de ver a atividade física, integrando-a a contextos mais acessíveis e agradáveis para diferentes públicos”, analisa o especialista do Einstein.
Fonte: Agência Einstein
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