Por Dilmar Pinto Guedes, colunista Fitness Brasil
Muitas vezes escutamos a frase:
– Olha que cara forte!!!
Ao olhar, nos deparamos com um indivíduo realmente grande, mas não sei o quanto ele é forte. Daí que é importante destacar que não necessariamente o indivíduo maior é o indivíduo mais forte.
O Treinamento de Força (TF) proporciona, entre outros, dois ajustes importantes no organismo do praticante:
1. Ajuste funcional: aumento da força muscular, principalmente relacionado aos esportes e qualidade de vida.
2. Ajuste morfológico: aumento da massa muscular, hipertrofia muscular, principalmente relacionado com a estética corporal.
E o exercício resistido aumenta a força por fatores neurais, musculares e psicológicos.
Fatores Neurais
O Sistema Nervoso é dividido anatomicamente em Sistema Nervoso Central e Sistema Nervoso Periférico.
– Sistema Nervoso Central (SNC): composto pelo encéfalo e medula espinhal.
– Sistema Nervoso Periférico (SNP): composto por 12 pares de nervos cranianos e 31 pares de nervos espinhais (raquidianos).
Os nervos periféricos são responsáveis pela interação de toda a periferia corporal (músculos) e o SNC. Funciona como uma “avenida” levando as sensações da periferia até o SNC por uma via chamada aferente ou sensorial e levando a resposta motora, organizada no SNC, até os músculos que, ao contrair e produzir tensão, realizarão o movimento. Tal via denomina-se via eferente ou motora.
A célula nervosa, responsável pela transmissão dessas informações através de impulsos elétricos, denomina-se neurônio motor.
O corpo do neurônio motor se chama “soma” e fica localizado na substância cinza da medula espinhal. O soma possui várias ramificações denominados dendritos, responsáveis por receber os impulsos elétricos e uma ramificação única chamada axônio que transmite os impulsos elétrico.
Os neurônios transmitem os IE entre si através de sinapses. As sinapses ocorrem na medula espinhal, então o IE é transmitido pelo axônio ao longo do nervo periférico até a junção neuromuscular (ligação do neurônio com o músculo).
O axônio do neurônio motor alfa e todas as fibras musculares que ele inerva denomina-se “unidade motora”.
As unidades motoras são classificadas em:
- Lentas oxidativas (LO), pequenas: são lentas, produzem pouca força e são extremamente resistentes à fadiga.
- Rápidas oxidativas (RO), médias: são rápidas, produzem força elevada e são resistentes à fadiga.
- Rápidas Glicolíticas (RG), grandes: são muito rápidas, produzem muita força e fadigam rapidamente.
O recrutamento das UM respeita um princípio fisiológico, o Princípio do Tamanho:
As Unidades Motoras são recrutadas respeitando uma ordem hierárquica, são recrutadas primeiro as UMs menores e, então, na sequência, as UMs maiores. E esse recrutamento depende da intensidade do estímulo (peso). No caso de movimentos balísticos (pesos leves) o conceito é discutido.
Os fatores neurais que aumentam a força graças ao treinamento são:
– Coordenação intermuscular: resumidamente a melhor organização dos músculos que participam na realização do movimento (agonista, sinergistas, antagonista, estabilizadores) – aprendizagem motora.
– Coordenação intramuscular: aumento do número de UMs recrutadas, recrutamento de UMs maiores (Princípio do Tamanho) e maior frequência de impulsos elétricos somados na placa motora em cada UM.
Na próxima coluna falarei dos fatores musculares. Acompanhe!
Prof. Me. Dilmar Pinto Guedes Jr é mestre em Ciências (EPM- Unifesp), com especialização em Musculação e Treinamento Desportivo (UGF), especialização em Fisiologia do Exercício (CEFE-EPM-Unifesp), docente da FEFIS-UNIMES, docente da FEFESP-UNISANTA, membro docente da Academia Brasileira de Treinadores (IOB-COB), proprietário do DKG – Centro de Treinamento, membro do EPIMOV (Unifesp), autor de dezenas de livros e artigos na área do Treinamento Físico.
Muito bom esse Mestre é muito Mestre. Obgdo