Doutor em Ciências da Educação pela Universidade do Porto, em Portugal, e especialista em criatividade, Max Haetinger dividirá seus conhecimentos e experiências em uma grande palestra na IHRSA Fitness Brasil 2022
Yara Achôa, Fitness Brasil
11/8/2022
Antes de toda sua extensa formação em educação, veio o esporte. A relação começou a ser construída ainda na infância e o levou até a competições de decatlo – modalidade do atletismo composta por dez provas – na adolescência. “Isso me aproximou da educação física”, conta Max Haetinger. Ele cursou a Escola Superior de Educação Física – e também Artes Cênicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Economia na PUC-RS –, e exerceu a profissão de professor de educação física por 10 anos. Hoje é doutor em Ciências da Educação pela Universidade do Porto, em Portugal, e mestre em Educação/ Educação a Distância pela American World University, Estados Unidos, além de pós-graduado em Informática na Educação pela UFRGS e em Psicopedagogia na Cândido Mendes, Rio de Janeiro.
E há tempos, como diretor do Instituto Criar em Porto Alegre, desenvolve trabalhos muito interessantes sobre temas ligados às áreas da educação, aprendizagem, cooperação, empreendedorismo, criatividade e novas tecnologias. Por tudo isso, tem muito a contribuir com o desenvolvimento dos profissionais na 23ª edição da IHRSA Fitness Brasil 2022. Anote na agenda: a palestra “Gestão criativa: redes colaborativas e inovação” acontece na sexta, 19 de agosto, às 9h.
Para se preparar para o grande encontro com o professor Max Haetinger, confira agora a entrevista exclusiva ao FITBR News.
De forma geral, como você vê a educação no Brasil hoje? Que iniciativas considera boas e o que acha que precisa mais atenção?
O Brasil é muito grande. E esquecemos disso quando falamos em educação – que é tão diversa como o país. Se tivesse de apontar uma única coisa no sentido de melhorar o quadro da educação, seria que ela passasse a ser em tempo integral, com a criança de seis a oito horas na escola.
Trazendo o diálogo para a educação física, como você enxerga o atual momento?
Nos últimos 20 anos, temos visto aumentar a cultura do cuidado com o corpo, com a saúde. Porém, é uma geração entre 20 e 40 anos. Já não sinto isso com os pequenos. Na escola, cada vez menos as crianças querem fazer educação física. Os professores da área, consequentemente, têm menos repertório. Isso tem levado a um público mais avesso à atividade física. Claro que também tem a ver com estilo de vida, mais preso às telas, estático. Sinto nas escolas uma diminuição da adesão. Hoje cada vez mais as pessoas estão se afastando do movimento. E nós, da educação física, não estamos conseguindo fazer o movimento de reaproximação. Por que eles não querem mais jogar futebol, vôlei e basquete? Percebo isso especialmente na pré-adolescência e adolescência. Atividade física é habito. Vejo como um sinal de atenção, de que nas escolas não estamos fazendo um bom trabalho para trazer essas crianças para a cultura de corporeidade. Deveríamos rever nossos métodos, currículos, compreender que os desportos que mobilizam essa juventude são outros.
As academias e centros esportivos precisam se renovar?
A discussão, sem dúvida, é importante. Como renovar esse público? Será que essa geração – hoje com 12, 13 anos – vai aderir a esses espaços? Será que esses espaços falam a língua deles? Será que educacionalmente eles foram preparados para a corporeidade, para valorizar isso? Ou vamos nos resumir ao mundo das telas? Acontece que o ser humano só se realiza no convívio social. Somos seres sociais. É uma preocupação que tenho. E vejo muito pouco a educação física, de forma institucional, discutir. Focamos muito na ponta – academias, centros de treinamento –, mas esquecemos que para ter esses lugares lotados precisamos formar uma cultura. E ela se faz na base.
Você é especialista em criatividade, uma coisa que muita gente diz que não tem. É possível desenvolver?
Sim e muito. E em qualquer idade. Desenvolver a criatividade possibilita a formação de indivíduos mais críticos, seguros e preparados para dar respostas criativas a qualquer desafio que enfrentem no futuro. E digo que é a mola que pode destacar um profissional nesse século. Antes associada apenas ao universo artístico, importante ao pintor, ao músico, a criatividade sai da ideia de estética de arte e passa para ideia de profissionalização pela economia, como uma necessidade de inovação nos negócios.
Que mensagem pretende levar para os profissionais de educação física, gestores, empreendedores, enfim, para o mercado fitness?
Estou muito feliz em voltar à comunidade e poder promover essa discussão de que a educação física é um desafio de pessoas e não apenas de físicos. Quero levar a uma reflexão de que os negócios são para atender pessoas e proporcionar experiências. Negócios são feitos de gente. Você sabe o que faz as pessoas escolherem o seu? O que faz com que procurem uma coisa e não outra? Isso requer que estejamos focados na socialização, nas relações interpessoais. Técnicas, sequências de exercícios, um profissional formado faz. Mas reter pessoas, criar um ambiente para fazê-las voltar todos os dias, exige outros olhares. Tem a ver com a criação de ambientes criativos, equipe, organização, gestão do ambiente. Temos que ir além da qualidade total. É preciso ampliar a gestão de pessoas – o que eu chamo de gestão criativa e o que compartilharei na IHRSA Fitness Brasil.
A 23ª IHRSA FITNESS BRASIL 2022, maior encontro da indústria do fitness, saúde e bem-estar da América Latina, acontece de 17 a 20 de agosto, no Transamérica Expo Center, em São Paulo.
Quando: quarta 17/8 somente palestras e cursos (não haverá feira); quinta 18/8, feira das 11h às 21h; sexta 19/8, feira das 11h às 21h; sábado 20/8, feira das 11 às 21h
Onde: Transamérica Expo Center, São Paulo: Av. Dr. Mário Vilas Boas Rodrigues, 387 – Santo Amaro
Confira a programação completa aqui
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