Por Grazzi Favarato, colunista Fitness Brasil
Quando procuramos sobre treinamento físico para mulheres, alguns tópicos surgem instantaneamente como as diferenças masculino x feminino. Além dos assuntos gravidez e pós-menopausa, o ciclo menstrual também tem seu destaque e inúmeros questionamentos quando relacionado à atividade física.
Parece, às vezes, que somente as discussões sobre o ciclo menstrual feminino afetar ou não a performance e a necessidade de uma ´periodização´ especial são importantes para alguns especialistas, quando na verdade existem muitos outros pontos a serem estudados e analisados.
Existem muitas outras diferenças entre homens e mulheres que podem levar a outras abordagens no momento de planificar e prescrever treino para ELAS.
Essas diferenças acima citadas podem ser anatômicas, fisiológicas e psicossociais.
Alguns exemplos a seguir:
O sistema esquelético feminino carrega em seu DNA a adaptação para o parto. Mulheres têm proporcionalmente os ossos de quadris mais largos, com maior anteriorização da pelve e curvatura lombar que os homens.
Esse ´detalhe´nos quadris influencia o alinhamento dos joelhos das mulheres, que levam à uma tendência ao joelho em valgo, aumentando a disposição para condromalácia patelar (SDFP- Síndrome da dor femoropatelar) .
Com troncos proporcionalmente mais longos e pernas mais curtas, mulheres têm desvantagem mecânica nas corridas em relação aos homens, mas têm maior facilidade para os agachamentos.
Além do sistema endócrino ser diferente entre homens e mulheres, o sistema muscular também tem suas peculiaridades que afetam a função neuromuscular.
Mulheres têm menor rigidez muscular – e a consequência é que têm ‘menos potência’ equiparadas aos homens na realização dos movimentos.
Mulheres têm, proporcionalmente, caixas torácicas mais estreitas, corações menores e menos tecido pulmonar. Consequentemente, menor volume de sangue e menos hemoglobina.
Em geral, apresentam menos massa muscular na região de tronco e pescoço. Levando ao meio esportivo, devemos preparar as meninas que jogam futebol com muito fortalecimento muscular nessa região antes de ensinar o cabeceio.
O cérebro feminino tem sua particularidade também. E muito está relacionado à influência dos hormônios.
É especialmente importante que as atletas do sexo feminino façam conexões entre ações pessoais, comportamentos e resultados competitivos bem-sucedidos, pois as atletas mulheres tendem a ter um estilo de atribuição mais externo, o que significa que muitas vezes atribuirão o sucesso de desempenho à sorte, e a falha de desempenho aos fatores pessoais .
Dentro de cada um desses aspectos (anatomia, fisiologia, psicologia e social) o profissional para ser realmente especialista em Treinamento Feminino deve voltar seus estudos desde a infância, para entender como a maturação biológica influencia as particularidades do corpo feminino. Entendendo essas particularidades, o planejamento e prescrição do treino será realmente direcionado às necessidades, independente de entrar no assunto ciclo menstrual.
Grazzi Favarato é especialista na utilização de LPO como preparação física de atletas e no condicionamento físico e manutenção de saúde, treinadora de LPO nível nacional e docente na Academia Brasileira de Treinadores, do Instituto Olímpico Brasileiro (IOB) – Comitê Olímpico Brasileiro. No Instagram @grazzi_favarato
Assunto, por demais pertinente.
Digno de relacionar a pesquisa com outras modalidades, permitindo, inclusive orientações para Profissionais e Técnicos.