Por Lamartine DaCosta, colunista Fitness Brasil
A sigla ESG já ostenta uma identificação universal, tornando-se corrente em qualquer país pelo seu significado em boas práticas ambientais, sociais e de governança tanto em grandes empresas como em médios e pequenos negócios. Para alguns gestores e empreendedores trata-se de um modismo empresarial, enquanto para outros representa um posicionamento de marketing, uma escolha para expandir a clientela.
Em que pese a variedade de interpretações – e por vezes até mesmo falsificações – é indiscutível a crescente adesão do mundo de negócios ao padrão ESG como base e sentido de funcionamento empresarial e mercadológico. Este é o ponto de partida para se examinar as possíveis escolhas dos empreendimentos fitness diante da opção ESG, como atitude gerencial e valorativa dominante em qualquer mercado incluindo sobretudo o brasileiro.
Em princípio, cabe realçar que ESG refere-se a um padrão de referência e não um marco de definição, daí uma das razões de seu sucesso. Ou seja, cada empresa ou empreendimento, independente de tamanho, localização, perfil de clientela ou natureza de transações, tem um ESG específico, cujo ritmo de adaptações ambientais, relações sociais com clientes, colaboradores e parceiros, e modo gerencial de liderar o negócio, são ajustados às disponibilidades de recursos e perspectivas de retorno. Em síntese, cada empresa ou pequeno negócio pode aderir ao ESG como um processo de reajustamentos sucessivos regulados mais por avanços e retrocessos do que por objetivos e tempos demarcados.
Em outras palavras, a implementação ESG refere-se comumente à uma estratégia de escolhas que no caso das academias fitness pode ser inicialmente exemplificado pela transição na energia elétrica para ativar os aparelhos e as estações de exercícios físicos. Havendo um custo crescente em escala mundial no fornecimento energético por redes públicas, é recomendável a substituição por fonte própria estabelecida por painéis solares – pelo menos no caso brasileiro e de outros países de clima semelhante – de placas fotovoltaicas.
Esta solução mostra-se relevante tanto na dimensão ambiental como na gerencial com amplas comprovações correntes de retorno do investimento na transição ainda cogitando-se do mercado brasileiro, às quais pode-se aduzir uma evidente justificativa ambientalista. Além dessas postulações, importa mencionar que a escolha de transição energética se mostra recomendável para pequenos negócios de academia, os quais constituem a maioria das entidades do mercado fitness no Brasil.
Outros exemplos de escolhas podem ser citados como padrões ESG, como o controle do consumo de água e a redução do ar-condicionado em determinados horários de menor frequência de usuários. Também relações igualitárias, justas do ponto de vista legal ou de direitos individuais nas relações entre clientes, colaboradores, fornecedores e parceiros fazem parte da governança ESG.
Esta opção ganha-ganha entre a gestão e pessoas protagonistas das entidades fitness pode em princípio definir escolhas básicas de sociabilidade e de gestão eficiente, naturalmente complementares num ambiente equilibrado e sustentável entre seus componentes.
Aliás, a agenda ESG representa em sua essência uma versão empresarial e empreendedora da sustentabilidade, outra expressão tornada de uso comum pelo significado propositivo, capaz de produzir impactos socioambientais positivos e gerar valor compartilhado.
Nestes termos, o padrão ESG é mais operacional ao passo que a sustentabilidade se revela mais por vieses prospectivos. Como consequência, as Atividades Físicas (AF) – ora entendida como razão de ser dos negócios fitness – inserem-se na prática em perspectivas ESG aos passo que nos requisitos teórico-práticos apoiam-se na sustentabilidade.
Tal diferencial das AF ocorre dada à natureza da sustentabilidade. Esta é conceitualmente mais ampla desde que se relaciona também ao contexto de suas implementações e não por focos delimitados por iniciativas de empresas e empreendimentos como tipificados por padrões ESG.
Para quem deseja se informar melhor no tema da sustentabilidade relacionada às AF, o autor deste texto informativo recomenda consulta ao podcast de acesso livre e lançamento recente nesse link.
Lamartine DaCosta é Professor no Programa de Pós-Graduação em Ciências do Esporte e do Exercício (UERJ), com funções anteriores de ensino e pesquisa nas universidades UFRJ, PUC-RJ, USP, UGF e UNIRIO. Foi também professor e pesquisador visitante na Grécia, Portugal, Espanha, Suíça, Canadá e Reino Unido. No Instagram @cientistasdoesporte
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