Profissionais de Educação Física têm muito espaço para crescer, aparecer e faturar com a ajuda da Internet. Entenda como chegar lá
Yara Achôa, Fitness Brasil
19/1/2023
Você, profissional de Educação Física, está presente nas redes sociais como Instagram, Facebook e TikTok, faz posts e aparece todos os dias nos stories. Dedica-se a criar conteúdo, considera-se conectado, mas não consegue atrair novos alunos ou vender seus serviços e produtos. “O que estou fazendo de errado?” é a pergunta que vai em sua mente, certo? Pois bem. Talvez você só não esteja entendendo o jogo que está jogando.
“É necessário muito mais que isso. É preciso entender estratégias específicas de marketing para redes sociais específicas. Questões como posicionamento, nicho, persona ideal, estratégias de captação e conversão de clientes são essenciais para desenvolver o marketing pessoal ou da empresa. A empresa vive de vendas, faturamento e lucro. Sem focar nesses pontos, a chance de ser apenas mais um profissional desgostoso nas redes sociais é enorme”, explica Fabio Ceschini, professor e empresário que em 2017, ao lado da esposa, Raquel, fundou o que viria a ser o maior portal de cursos on-line independentes do Brasil, o Viajando pela Fisiologia.
Empresário, empreendedor digital e mentor de empresários digitais da área fitness, Artur Monteiro considera que existem vários pontos de partida para o sucesso on-line. “Falando tecnicamente, diria que em primeiro lugar é necessário estudar a fundo o perfil do cliente. E não é só saber a idade, onde mora e quais são suas dores. A questão é mais profunda. Por exemplo: o cliente pode expressar que sua dor é falta de dinheiro, mas por trás disso tem muito mais coisa – que pode ser traduzido por ‘não consigo pagar escola da minha filha; não consigo tirar férias; moro em um lugar que não gosto’. Um segundo ponto, mais estratégico, é não ter pressa de conquistar o sucesso. As pessoas querem tudo fácil e rápido. E as coisas não acontecem nessa velocidade. Você precisa estudar o mercado, estudar o cliente, formatar o produto, precisa fazer uma série de coisas para depois testar e ver se a teoria dá certo. E às vezes não dá certo – aliás, na maioria das vezes não dá certo na primeira vez. Aí você faz um ajuste, faz outro… É como se fosse um treinamento físico. Você se prepara para ter sucesso.”
Para não ficar culpando o algoritmo, o caminho é apostar especialmente no conhecimento. “Desenvolva habilidades e competências específicas em, pelo menos, três áreas que não foram ensinadas ao profissional de Educação Física durante a graduação: marketing, vendas e criação de produtos que resolvam problemas das pessoas”, aconselha Ceschini.
Foco na segmentação
“Encontre seu nicho e seu público. Mas vale dizer que é possível ter sub-nichos. Se seu assunto é área financeira você não precisa falar só de investimentos – pode ir mais a fundo e falar de investimento só para mulheres. Quanto mais você sub-nichar, melhor. A comunicação fica muito mais assertiva e você também pode criar produtos que realmente seu público precisa”, diz Monteiro.
Ceschini também aposta na segmentação, especialmente para o personal trainer. E explica: “Você já viu um médico clínico geral rico e famoso? Imagino que não. Mas já viu um médico endocrinologista rico e famoso? Existem vários. Qual a diferença? A capacidade do profissional de resolver problemas complexos. Uma coisa é um personal trainer que se vende dizendo que vai treinar as pessoas para emagrecer, melhorar a saúde e a qualidade de vida. Outra coisa é o personal trainer que se vende dizendo que vai ajudar pessoas que já tentaram de todas as formas emagrecer, já tomaram remédio, fizeram dieta, usaram shakes e não tiveram resultados. Percebe? Pessoas que já usaram diferentes estratégias de emagrecimento e não conseguiram emagrecer é diferente de simplesmente melhorar a saúde.”
Segundo ele, as pessoas compram por duas razões: pelo desejo (status) ou pelo medo (dor). “Ter um nicho bem definido onde o personal trainer vai atuar é importante para definir qual é o perfil do cliente ideal. O que esse cliente quer? O que ele deseja? O que de fato é importante para ele? O que ele não quer de jeito nenhum? Os desejos e as dores do cliente ideal idoso ou de uma mulher no período pós-parto são completamente diferentes. Isso é importante para a estratégia de comunicação que será utilizada nas redes sociais, por exemplo.”
Histórias de sucesso
Artur Monteiro conta que deu os primeiros passos no digital por volta de 2011. “Fui apresentado ao marketing digital em 2007, mas não consegui me ver entrando nesse mundo. Minha cabeça era totalmente offline. Um tempo depois reencontrei essa pessoa e ela já estava tendo muito sucesso com uma escola de inglês, que passou do físico para o digital. Achei, então, que o negócio poderia dar certo e entrei de cabeça. Mas a coisa não aconteceu na velocidade que gostaríamos. Levamos praticamente três ou quatro anos para entender como é que se jogava esse jogo e também para mudar minha mentalidade.”
Aliás, ele considera esse o ponto que fez a diferença para seu sucesso no digital. “Eu tinha a cabeça de professor; tinha muito a cabeça de empregado. Já empreendia, mas não estava preparado para fazer a gestão de uma empresa multimilionária. Tive de trabalhar minha mente e aprender coisas que não faziam parte da formação da minha geração. Não foi fácil, confesso. Mas no final deu tudo certo e hoje a gente tem uma empresa bem sólida!”
Levando em conta sua trajetória, o especialista destaca ainda a importância de contar com um bom mentor. “Porque não dá para encarar essa jornada sozinho. É muito fácil se perder. É um detalhe que você erra em uma página, em sua comunicação, em seu produto, e a coisa não funciona. Você tem que ter ao lado alguém que já passou por isso, que vai ajudar em todo o processo. Tem que ter um mentor como suporte.”
Já Fabio Ceschini começou no mundo digital em 2017. Hoje, seis anos depois, são 118 mil alunos ativos, uma editora com 14 livros publicados, cursos de pós-graduação e faturamento anual de múltiplos dígitos. “O ponto da virada foi estar sempre me capacitando além da fisiologia do exercício e do treinamento – investi em cursos, livros, mentorias, grupos de master minds. Temos verba anual destinada apenas para desenvolver novos conhecimentos, habilidades e competências. O mundo digital, na minha visão, não é apenas ‘vender cursos online’. É entender sobre os problemas e as necessidades das pessoas. É entender como seu produto ou serviço pode ajudá-las. Portanto, é preciso conhecer a dinâmica do mercado, mergulhar no desejo das pessoas. Tudo isso aprendi nos vários grupos de mentoria que participo.”
Dicas essenciais rumo ao sucesso
Fabio Ceschini e Artur Monteiro apontam pontos básicos a se percorrer para chegar lá:
Tenha um posicionamento claro: quem é você? O que você faz? Quem você ajuda? Como você ajuda? (FC)
Crie uma marca: as pessoas criam produtos, mas não criam uma marca. Essa marca está relacionada ao posicionamento que o profissional vai ter no mercado. Marca e posicionamento são coisas extremamente importantes, sem isso não se tem uma base sólida para escalar. (AM)
Conheça seu cliente ideal: quem é essa pessoa? Qual faixa etária? O que ele deseja? O que ela tem medo? O que ela mais precisa agora? Com base nisso, o personal pode criar produtos específicos para resolver problemas específicos. (FC)
Tenha um bom produto: algo que vá resolver um problema de grande parte da população ou do nicho escolhido. (AM)
Seja reconhecido como autoridade: autoridade é uma percepção que tem na mente do cliente. A decisão da compra passa pelo desejo, evitar os medos, mas também pela confiança. Aqui muito personal peca pois não sabe como criar autoridade em determinado nicho. Para aumentar a percepção de autoridade na cabeça do cliente apareça nas redes sociais, mostre vitórias e derrotas, seja humano; apareça com pessoas altamente conhecidas; mostre depoimentos dos seus alunos; mostre que está sempre se capacitando. (FC)
Invista em tráfego: as pessoas fazem postagens nas redes sociais esperando que basta para fazer o negócio ter tração, escalar. Só que a entregabilidade está cada vez menor. Se pegarmos o Instagram, ela é, no máximo, de 5%. Se a pessoa tem 100 mil seguidores, a mensagem chega para uns 5 mil. Os outros 95% não vão ver. Portanto, é importante usar métricas (para errar menos) e investir em tráfego (contando com alguém realmente bom nisso). (AM)
Para acompanhar pelas redes e ler mais sobre o assunto
Artur Monteiro @arturgmomteiro indica o livro “Unbound Marketing“, de Rafael Kiso, DVS Editora.
Fabio Ceschini @viajandopelafisiologia indica o livro “Venda à mente, não ao cliente“, de Jürgen Klaric, Editora Planeta Estratégia; no Instagram sugere acompanhar também @personalglobal e @meusucesso.
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