A data é um grande alerta contra o sedentarismo – um dos maiores fatores de risco para a saúde no mundo todo. Com ações e discussões, a ideia é incentivar as pessoas a serem mais ativas
Yara Achôa, Fitness Brasil
6/4/2023
Criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para combater o sedentarismo, o Dia Mundial da Atividade Física é celebrado hoje, 6 de abril. O objetivo é lembrar que a inatividade física é alto fator de risco para a saúde e propor ações para que as pessoas se movimentem mais. “Trata-se de um problema muito sério. O sedentarismo só não mata mais que hipertensão”, alerta Dr. Víctor Matsudo, Diretor Científico do Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul (Celafiscs); e Coordenador Geral do Programa Agita São Paulo, da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. “É uma ameaça mundial. Cientistas atestam que é mais letal que Covid”, completa Lamartine DaCosta, Professor no Programa de Pós-Graduação em Ciências do Esporte e do Exercício (UERJ), com funções anteriores de ensino e pesquisa nas universidades UFRJ, PUC-RJ, USP, UGF e UNIRIO.
A OMS considera que 30 minutos de atividade física, cinco vezes por semana, são um bom começo para sentir os benefícios. “Não precisa ser de forma intensa, pode ser de leve a moderada. Já existem evidências científicas que apontam que isso colabora para diminuir fatores de risco de AVC, obesidade, hipertensão, diabetes e câncer, além de ajudar a reduzir o estresse e melhorar o humor, a memória e a autoestima”, explica Matsudo.
E mais: a atividade física não precisa ser feita de uma só vez – pode ser em etapas. “Você não estará condenado ao sedentarismo se não tiver como frequentar uma academia – mas, claro, se puder vá. Incluir momentos de atividade física – blocos de dois ou três minutos ao longo do dia – já melhora seu estilo de vida. Isso pode ser traduzido em um passeio com o cachorro, subir alguns lances de escada, pedalar no final de semana, andar até a padaria. Atividade física é uma ‘pílula mágica’ que vai fazê-lo viver mais e melhor”, reforça o Diretor do Celafiscs.
É preciso descomplicar
Segundo Lamartine DaCosta, a população infantil dos Estados Unidos está em um nível próximo de 50% de sobrepeso ou obesidade. “Isso é uma ameaça que vai além do físico, porque atinge o ensino de maneira geral. Sedentarismo é algo muito comportamental. E o setor educacional tem papel fundamental nisso. Se algo pode ser feito desde já é incentivar a Educação Física.”
O professor também acredita na possibilidade de fazer atividade física de forma mais descomplicada. “A coisa é mais simples do que aparenta e pode ser feita em qualquer lugar. Nos anos 1980 tivemos o ‘Esporte para Todos’ – foram mais de 10 milhões de pessoas envolvidas, com prática de atividade física em Ruas de Lazer. Deu muito certo. Hoje quem não tem recursos para frequentar uma academia pode sentir-se marginalizado. Precisamos de um governo corajoso e disposto a realmente fazer diferença na vida da população com ações de políticas públicas.”
Impacto na saúde pública
Especialistas dizem que sedentarismo é uma epidemia mundial e seus custos são elevados. “Até mesmo maiores do que na época em que o fumo era grande ameaça à saúde. A OMS chama atenção para isso consecutivamente”, aponta DaCosta.
No Brasil, algumas ações merecem destaque. Criado há 26 anos pelo Celafiscs, com subsidio da Secretaria de Estado da Saúde, o programa Agita São Paulo é um marco do combate ao sedentarismo. “Nessas quase três décadas de existência, estamos reduzindo significativamente o número de sedentários no estado de São Paulo. O impacto na saúde pública é que temos menos consultas, menos medicamentos, menos exames, menos internações e cirurgias. O Agita São Paulo reduziu em 310 milhões de dólares por ano o custo do setor saúde”, diz Matsudo.
O Agita São Paulo envolve mais de 200 organizações públicas e privadas e é considerado um modelo de referência em projetos de intervenção para promoção da atividade física, tendo servido de molde ao Agita Brasil. Em 2002, a OMS lançou o Agita Mundo, inspirado no projeto. Os organizadores promovem anualmente uma caminhada pelas ruas da capital paulista, reunindo milhares de participantes, além de diversos outros eventos regulares.
Pelo mundo, entre os países que se mostram mais ativos e engajados no combate ao sedentarismo estão Finlândia, Suécia, Noruega, Dinamarca, Austrália, Nova Zelandia, Japão, Canadá e, na América Latina, Colômbia. “Embora o Brasil não apareça em uma boa posição nesse ranking, temos trabalhos muito interessantes na área de pesquisa. Ocupamos o 5º lugar entre os países que mais investem em pesquisa.”
Celebrar o movimento
“Todo Movimento Conta”, reforça o Dr. Víctor Matsudo. “Vamos incentivar as pessoas a pensarem: nós temos 1440 minutos por dia; não é possível não ter 30 minutos para você. Não precisa ser de uma vez – basta se mexer a qualquer momento do dia. É só se movimentar. Para os profissionais de Educação Física, sugiro passar a seus alunos uma mensagem positiva: em vez de falar em VO2, massa magra, fale em prazer e saúde. No Agita São Paulo pregamos 30 minutos com prazer.”
O mês de abril é chamado de Mês Verde, pois é o mês em que a prática da atividade física e o combate ao sedentarismo são incentivados. Então, o especialista incentiva que todos celebrem o período, incluindo mais movimento no dia a dia. “Faça um vídeo ‘agitando’ – com filhos, cachorro, namorada, sozinho. Poste em suas redes sociais e use a #agitamundo2023. Vamos fazer uma grande corrente de incentivo à prática da atividade física.”
“Se você quer aderir, mas não sabe o que fazer, lembre-se de duas coisas: sente-se menos e mova-se mais. Todo passo conta”, finaliza o professor Lamartine.
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