Para o efetivo uso do espaço, bom custo-benefício, segurança e bem-estar para os condôminos, é preciso observar detalhes importantes. Especialistas dão dicas e apontam o que é preciso para o projeto funcionar
Yara Achôa, Fitness Brasil
7/8/2023
O período da pandemia jogou luz nesses espaços. Diante da crise mundial de saúde, a necessidade de fazer exercícios e cuidar do bem-estar físico e mental tornou-se mais do que essencial. Hoje, boa parte dos novos empreendimentos já oferecem academias em seus projetos. E muitos dos condomínios que ainda não têm, estão se movimentando para implantar suas áreas fitness. Ou seja, academia em condomínio é tema atual e precisa ser discutido. Por isso é destaque também na programação da 24ª edição da IHRSA Fitness Brasil, no dia 17 de agosto, das 13h30 às 17h, no Transamérica Expo Center.
O debate “Gestão de Academias em Condomínios e Hotéis” será comandado por Márcio Rachkorsky – comentarista da TV Globo, no SP1, apresentador do quadro Morar Bem na rádio CBN e fundador do projeto Sindicolab –, com participações de Jailma Brito (síndica profissional em condomínios e clube, misto, comercial e estúdios em SP), Giva Matias (personal trainer e empresário, CEO do grupo HIIT2O) e Raquel Kabbani (arquiteta responsável por academias como Bio Ritmo, Smart Fit, Blue Fit, Force One e Ride State). O conteúdo tem patrocínio da Movement e Kikos Fitness.
Conversamos com especialistas, que falam a seguir sobre as principais tendências do setor. Atualize-se e vá preparado para o encontro na IHRSA FB!
O que é necessário observar antes de montar uma academia em condomínio?
É de extrema importância a análise do conselho e de moradores sobre o objetivo da academia: quantas pessoas costumam frequentar o espaço, característica do público (jovens, idosos, nível de performance, as necessidades entre equipamentos de cardio e força), tamanho, verba disponível e estado atual dos equipamentos da academia (caso já possuam).
“Após o entendimento básico, a Kikos Fitness disponibiliza um consultor para fazer toda análise de equipamentos que podem ser oferecidos. Executamos medições do espaço para montar o projeto 3D gratuito, sugerimos os equipamentos e as melhores condições comerciais. E o consultor responsável apresenta o projeto aos moradores em assembleia. Consequentemente conseguimos oferecer também toda a estrutura de manutenção preventiva e assistência técnica caso necessário, seguindo não apenas com a venda mas com todo suporte posterior”, explica Gabriel Youssef, gestor comercial da Kikos Fitness.
Marco Louzada, diretor de engenharia da Movement, acrescenta outras observações importantes nesse momento inicial. “É preciso verificar a incidência solar (para evitar desconforto térmico) e pensar em um projeto de climatização para adequada disposição dos equipamentos; analisar o pé direito, cor e textura das paredes,; escolher um piso nivelado e antiimpacto (ideal que seja similar aos utilizados em academias para evitar danos no piso original e melhor conforto acústico); pensar na localização de banheiros e bebedouros; e até indicar aplicativos para agendamento e reserva de horários e app para prescrição de treinos (como o OmniFIT).”
Em se tratando do síndico, Jailma Brito, síndica profissional em condomínios e clube, misto, comercial e estúdios em SP, diz que é preciso ter uma escuta muito atenta dos moradores. “Assim, é possível mapear quais são as reais necessidades daquele condomínio e ser o mais assertivo possível. Outro ponto é montar uma comissão que possa desenvolver o projeto em conjunto. Uma vez em assembleia, o síndico pode falar dos benefícios não só para a saúde, como também da valorização do empreendimento. Hoje, o condomínio que possui uma academia tem poder de comercialização muito maior do que aquele que não tem. A academia é um grande investimento.”
É possível montar até em espaços pequenos?
Sim. O personal trainer e empresário Giva Matias, CEO do grupo HIIT2O, conta que já inaugurou mais de 200 academias em condomínios, algumas em espaços reduzidos, do tipo 16 m². “Mas o que mais observei é que o tamanho médio chega a 40 m². Ali é possível ter uma estação de musculação que permite trabalhar todos os principais grupos musculares. Existem estações para utilização de uma pessoa só e outras que comportam duas ou três por vez. Além disso, uma ou duas esteiras, uma bike, um elíptico, uma torre de halteres (de 1 a 10kg), um espaldar, um banco e acessórios como colchonetes, kettlebells, TRX e bola de pilates.”
A síndica profissional Jailma Brito destaca que, em se tratando de espaços pequenos, a consultoria de um profissional da área se faz ainda mais necessária. “É fundamental contar com um arquiteto especializado e um profissional de Educação Física, que podem trazer ideias e insights para melhor aproveitamento do espaço e atender aos anseios dos condôminos.”
Que tipos de equipamentos a academia deve ter?
Marco Louzada, da Movement, recomenda que academias de condomínios devam contar com equipamentos similares aos de academias de médio/ alto fluxo de alunos, pois o uso também costuma ser intenso. “Deve haver uma preocupação em nivelar a quantidade de equipamentos por princípios de atuação – cardiovascular x musculação. Em especial, na musculação, deve haver uma amplitude de categorias, tais quais equipamentos com baterias de pesos (selectorized), por cabos (cables), bancos (benches), carregamento por anilhas e discos (plate loaded) e pesos livres, pois haverá usuários em diversos níveis de maturidade de utilização. Deve-se equilibrar também a quantidade de equipamentos orientados para os grupos musculares superiores e inferiores. E, se possível, optar por equipamentos duais ou do tipo multi estações.” Para uma academia de um condomínio de duas torres, com 60 apartamentos cada, sua sugestão é: 6 esteiras; 1 bike vertical; 1 bike horizontal; 2 elípticos; 1 bike indoor; 1 remo; 1 WCSR; 1 EDGE+ shoulder; 1 EDGE+ remada; 1 EDGE+ PecFly; 1 EDGE puxada alta/ baixa dual; 1 multistation NEXT; 1 EDGE+ flex/ ext dual; 1 EDGE+ adutor/ abdutor dual; 1 EDGE+ leg press ou leg press 45; banco supino reto; banco supino inclinado; banco ajustável; banco reto; anilhas; halteres; barras e pegas.
Gabriel Youssef, da Kikos Fitness, complementa falando da importância de entender o público e analisar a necessidade de algum equipamento específico. “Como, por exemplo, a bicicleta horizontal, que é recomendada para o usuário idoso e pessoas com limitações de mobilidade, pois sua estrutura de apoio de costas, banco mais baixo, apoio de mão e biomecânica, propiciam maior segurança na execução do exercício.”
5 tendências para academias em condomínios, segundo os especialistas
1) Academias profissionais, com equipamentos de ponta. “Além de valorizar ainda mais o condomínio, contribui para a performance do usuário e há menor recorrência de manutenção”, argumenta Youssef, da Kikos.
2) Facilidades e recursos motivacionais para criar fidelização na utilização da academia. “Aposte em apps e treinos online orientados. É interessante ainda pensar em campeonatos, redes de benefícios, eventos especiais, entre outras coisas”, sugere Louzada, da Movement.
3) Processo de manutenção facilitado e digital que simplifique a vida do síndico em caso de manutenções preventivas e corretivas. “Lembre-se: quem compra é o síndico! É ele que tem de administrar os ativos (equipamentos) depois”, reforça Louzada.
4) Profissionalização dentro da academia de condomínio. “Especialmente em espaços maiores, já faz sentindo contratar e ter um professor interno para atender aos moradores”, acredita Giva Matias.
5) Explorar a criatividade. “A academia é um desses espaços em que o síndico tem de pensar fora da caixa. Porque não dá para fazer uma academia limitada, que o morador não tenha motivação para usar. Para mim, a grande tendência é investir na ambientação. Tem de ser um lugar gostoso, arejado, confortável, limpo, com boa iluminação, som agradável. Tem de encher os olhos do condômino. Porque se ele não tem motivação para frequentar a academia, também não vai ter motivação para aprovar o investimento nessa área”, finaliza Jailma Brito.
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