Por Aylton Figueira Junior, colunista Fitness Brasil
Atualmente mais de 70% dos brasileiros não atinge o nível mínimo de atividade física e exercícios. Claro que essa preocupação é somente a ponta do iceberg, pois o contexto dos agravos associados aumentará.
O que queremos refletir não é o baixo nível de atividade, mas o que acontece com pessoas que praticam exercícios regularmente, só que permanecem muitas horas em comportamento sedentário. Isso é comum.
Pode parecer um paradoxo, pois a pessoa que faz exercícios físicos regulares é classificada como suficientemente ativa e apresenta benefícios cardiovasculares, imunológicos, musculares, metabólicos, dentre outros. Entretanto a real condição não é essa. Mesmo pessoas fisicamente ativas, que permanecem em comportamento sedentário podem reduzir os benefícios.
No estudo de Ekelund, U; et al, The Lancet, 2016 (Does Physical Activity Attenuate, or even eliminate, the detrimental association of sitting time with mortality? A hormonised meta-analysis of data from more than 1 million men and women) foram correlacionados dois fatores: o tempo sentado diariamente e o consumo de oxigênio semanal, determinados pelo total de METS. As horas sentadas por dia ficaram em 2-4 horas; 4-6 horas; 6-8 horas e > 8 horas dias. O total de exercícios em quatro categorias: 1- 375 minutos/ semana (6h25min/ semana); 2-300 minutos/ semana (5 horas por semana); 3- 150 minutos/ semana (3 horas por semana); 4- 25 minutos por semana.
Os resultados mostram que:
>> as pessoas que somam 6 horas/ semana, em atividades físicas, mas permanecem mais de 8 horas sentadas, aumentam em 5% a chance de morte por qualquer causa.
>> as pessoas que somam 5 horas/ semana, mas ficam mais de 8 horas sentadas por dia, aumentam em 12% a chance de mortalidade.
>> quem acumula 150 minutos/ semana, mas somam mais de 8 horas sentados por dia, a chance de maior mortalidade ultrapassa 30%.
>> e a pior condição está nas pessoas que ficam mais de 8 horas sentadas e acumulam somente 25 minutos/ semana de exercício. Neste grupo a chance de maior mortalidade é maior que 65%.
Esses dados sugerem que os profissionais de educação física precisam orientar seus alunos a reduzirem o tempo sentado, mesmo os mais ativos.
Os dados intermediários, entre 300 e 150 minutos acumulados de movimento por semana, nas pessoas que permanecem mais de 8 horas sentadas, estão entre 10-25% de chance de aumento em qualquer causa de morte.
Como os resultados refletem mais de 1 milhão de pessoas analisadas, poderíamos considerar que esta evidência sugere o importante papel educacional do profissional de educação física no âmbito da mudança do comportamento dos alunos.
Essa afirmação se associa ao fato de 69% das pessoas iniciarem a prática regular de exercício e desistirem em menos de seis meses. O que fazer então? Mesmo as pessoas que iniciam o programa de exercício já deveriam ser informadas da importância do comportamento sedentário, pois assim já se inicia a construção de um novo modelo de intervenção profissional.
Para os praticantes mais experientes, fica claro o que é o PARADOXO DA ATIVIDADE FISICA? O paradoxo representa pessoas fisicamente ativas, mas que permanecem muito tempo sentado. A redução da mortalidade se dará pela combinação: exercício + estilo de vida fisicamente ativo.
Precisamos construir a vida com mais movimento.
Sucesso sempre!
Aylton Figueira Junior: formado em Educação Física, mestre e doutor em Adaptação Humana, saúde e atividade física pela UNICAMP, docente do Programa de Mestrado e Doutorado em Educação Física da Universidade São Judas Tadeu. Membro do American College of Sports Medicine e Japan Society of Exercise Fisiology. Autor de oito livros, 24 capítulos e mais de 400 artigos científicos. Criador da certificação PROFISSIONAL DO FUTURO. Sócio proprietário da Clínica Ostheos-Equilibrio Físico. Instagram @ayltonfigueira.dr
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