Por Marcelo Costa, colunista Fitness Brasil
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Recentemente a Fitness Brasil apresentou seu Panorama Setorial Fitness Brasil 2021, um documento maravilhoso, um relatório preciso, relevante e científico, com o objetivo de contribuir, cada vez mais, para uma maior profissionalização e evolução do mercado do fitness.
Conforme a IHRSA Global Report, o Brasil é o segundo país com maior número de Academias – são mais de 30 mil –, e o quarto em número de inscritos nessas, com mais de 10 milhões de clientes. Como podemos observar, somos uma verdadeira Indústria do Fitness.
Abaixo, destaco alguns pontos interessantes do Panorama Setorial Fitness Brasil 2021:
- Em 2019, no Brasil, foram registrados 36.126 centros de atividades físicas, uma variação de 13% se compararmos com o ano de 2018, distribuídas em 3.301 municípios brasileiros, representando 59% do número total de municípios. Para os anos de 2020 e 2021, devido a pandemia da COVID-19, o IBGE não realizou nenhum levantamento de dados sobre as empresas brasileiras).
- Em 2019, dos mais de 36 mil centros de atividades físicas, 12% eram referentes a instituições que focam em ensino de esporte (como natação, escolinha de futebol, ginásios para prática de esporte etc.) e 88% referente a centros para atividades físicas (como Academias, Crossfit, Pilates etc.).
- São cerca de 25 mil Academias, destacando-se dois tipos:
– Academia Multisserviço: local que possui várias modalidades de atividades físicas, musculação, equipamentos cardiovasculares, atividades aquáticas, Pilates, aulas coletivas etc.
– Academia de Musculação + Coletivas: local que oferece serviços com pesos livres, máquinas de musculação, equipamentos cardiovasculares e aulas coletivas de ginástica.
Os dados acima demonstram o potencial dessa indústria e, sobremaneira, das Atividades Coletivas, pois, os dois tipos mais predominantes dessa estrutura possuem essas atividades em seu portfólio, até mesmo enquanto denominação destas, muitas vezes chamadas de Academias de Ginástica, independentemente de terem aulas coletivas ou não.
Um outro aspecto muito bacana do relatório da Fitness Brasil encontra perfeito alinhamento com a característica dessas atividades. Segundo ele, depois de termos enfrentado um longo período de isolamento social em consequência da pandemia (COVID-19), a saúde física e a saúde mental foram impactadas negativamente. Em decorrência deste quadro e dessa forte experiência, muitas pessoas despertaram para a necessidade da prática regular de atividades físicas.
Conforme o relatório, “os consumidores estão passando a enxergar as atividades físicas como algo além da estética”. Com isso, os exercícios físicos passam a ser vistos como uma conduta fundamental na direção da conquista de uma melhor saúde, qualidade de vida e bem-estar, tanto individual quanto coletivo.
De forma adicional, o relatório destaca: “Não só é importante a junção das atividades que visam bem-estar e saúde adaptadas ao novo cenário, mas também práticas e situações relacionadas a isso que vão gerar entretenimento ao consumidor do mercado”.
Este olhar vai ao encontro de uma característica especial das Atividades Coletivas, a de proporcionar ambientes (coletivos) de prática que, apesar do treino ‘forte’, mostram-se bastante lúdicos, participativos e, especialmente, formadores de grupos.
Em um primeiro momento, identificamos claramente o seu alinhamento com princípios do entretenimento. Em um segundo, percebemos o seu valor para a formação de grupos que, para além de apoiarem o primeiro aspecto, da saúde e bem-estar individual e coletivo, reforçam uma das características marcantes do ser humano, um ser social por natureza.
Segundo Seth Godin em seu livro ‘Tribos’, a vontade de pertencer a um grupo é algo natural aos seres humanos. Para além da ‘simples’ reunião de pessoas, essa capacidade de formar grupos se dá por meio da produção de uma forte identidade, do reconhecimento de si no outro, consequentemente, proporcionando relacionamentos sólidos e duradouros.
Estes aspectos já seriam suficientes para compreender, atestar, confirmar, o valor das Coletivas na Indústria do Fitness. São atividades fabulosas que, para além de entregarem altíssimos resultados de condicionamento físico e estético, de saúde, qualidade de vida e bem-estar e de relacionamento interpessoal e social, possuem um grande poder frente ao processo de retenção de clientes, que essas estruturas (as Academias) tanto necessitam, pois fica mais difícil abandonar o grupo ao qual você pertence.
Adicionalmente, quando consideramos as grandes redes de Academias existentes no Brasil, identificamos em duas das principais modelos de negócio completamente distintos. Não é o nosso objetivo mergulhar fundo na análise destes, mas, considerá-los sob o contexto de análise das Coletivas.
No primeiro modelo, encontramos uma Academia Multisserviço, com um portfólio de atividades bem diversificado, alta taxa de usabilidade por parte dos clientes e, consequentemente, um valor de investimento (ticket médio) alto. E, neste contexto, uma oferta de Coletivas bem diversificada, inclusive, com uma estratégia de valorização e remuneração diferenciada para professores de Ginástica (do tipo Localizada que, atualmente, engloba estratégias diversificadas oriundas das tendências e modalidades decorrentes do treinamento funcional) considerados como referência no segmento. Isso tem gerado uma marca bem interessante frente ao seu público-alvo consumidor, do tipo, ‘se você gosta de Coletivas, especialmente Ginástica, essa rede é a mais indicada para você’. Como vemos, uma estratégia de mercado fortemente ancorada em Atividades Coletivas.
No segundo modelo, encontramos uma Academia de Musculação que, no início de sua modelagem, entregava pequenos momentos de exercícios coletivos realizados neste ambiente. Com isso, apresentava um portfólio bem mais restrito de possibilidades de atividades para os seus clientes, uma taxa de usabilidade baixa e, consequentemente, um valor de investimento (ticket médio) baixo, quando comparada ao primeiro modelo. Neste contexto, não havia oferta de Coletivas, pelo menos, sob o conceito ‘tradicional’ dessas. Entretanto, com o passar do tempo, esta rede acabou por incluir em sua oferta algumas aulas coletivas, especialmente, aulas pré-coreografadas de Dança, além de ter ampliado o modelo inicial de exercícios em grupo para circuitos de condicionamento físico com exercícios ginásticos realizados, agora, num ambiente maior e preparado especificamente para isso, ou seja, o seu olhar para as Atividades Coletivas se ampliou.
Dessa forma, tanto pelo relatório quanto pela tendência de mercado de duas das maiores redes de Academias do Brasil, demonstram categoricamente o poder das Coletivas na Indústria do Fitness. Isso sem falar que o investimento realizado para essas atividades possui uma relação custo-efetividade infinitamente menor e mais vantajosa sob o ponto de vista financeiro. Portanto, vida longa às Coletivas! O ‘resto’, é pura especulação.
Abraços ‘Coletivos’!!!
Marcelo Costa é professor substituto na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), coordenador geral da Escola de Saúde na Universidade Candido Mendes; mestre em Educação pela Universidade Estácio de Sá; mestre em Ciência da Motricidade Humana pela Universidade Castelo Branco; doutorando em Ciências do Desporto na Universidade de Coimbra e em Estudos da Motricidade Humana na UFRJ. Autor de dois livros e coautor de outros quatro livros, com temáticas referentes à Ginástica / Atividades Coletivas / Aulas em Grupo. Instagram: @profmarcelocosta Contato: prof.marcelocosta@gmail.com
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