A pandemia do coronavirus serviu como um catalisador para fomentar a adoção, pelo consumidor, das tecnologias digitais para compra e consumo de produtos e serviços em diversos segmentos. No fitness não foi diferente. O COVID-19 fez com que o fitness tivesse um tremendo aumento no engajamento dos praticantes através do meio digital.
Pesquisa da Thinking Hats revelou que aumentou em 58% o número de usuários de aplicativos de fitness. Os mais baixados foram apps de yoga e de treinamento com pesos, o primeiro sendo preferido pelas mulheres (90%) e o segundo dentre os homens (65%).
A pesquisa revelou também que 2/3 dos entusiastas de fitness continuaram se exercitando pelo menos 4-5 vezes por semana, mesmo com todas as restrições impostas pela pandemia. Adicionalmente, uma pesquisa da PwC revelou que aumentou em 69% a preocupação das pessoas com sua saúde física.
Então, se os praticantes de fitness estão fazendo mais exercícios e a maioria das pessoas está mais preocupada com sua saúde física, porquê as academias ainda não viram um aumento no fluxo de retorno de clientes e mais vendas?
O princípio da Navalha de Occam propõe que, diante de várias explicações para um problema, a opção mais simples tende a ser a mais correta.
Nesse caso, a resposta mais simples é: As pessoas não procuram as academias simplesmente porquê não confiam nelas!
Mas não confunda confiança com honestidade. Não é nada disso! As pessoas apenas não confiam que as academias:
– São uma alternativa aos parques e praças para fazer movimento em seu tempo livre;
– Podem ser uma opção de lugar para aliviar as tenções e clarear a cabeça;
– São locais de cultivo e promoção de saúde!
Obviamente, a culpa não é delas. Décadas de comunicação institucional divulgando imagens de pessoas em boa forma deixaram vívido na mente das pessoas de que o propósito de ir na academia é ficar com o corpo bonito. Para a sociedade como um todo não cabe outra coisa na narrativa definida por imagens de corpos tonificados que (ainda) é a cara da comunicação das academias.
Como mudar isso?
A comunicação é uma componente essencial para construção da confiança. Confiar é dar um “crédito” antes de ver as evidências que sustentam os argumentos do interlocutor. Portanto, para construir confiança, a empresa deve comunicar de tal forma que o cliente, com o mínimo de esforço, decodifique essa comunicação e determine facilmente sua finalidade ou utilidade.
Logo, como as pessoas vão associar que academia é um local de promoção de saúde se tudo o que elas veem são mensagens que envolvem corpos sarados junto de frases pretensamente motivacionais (ex.: “seja mais forte que sua melhor desculpa”) nas redes sociais?!
Portanto, passou da hora do mercado de fitness como um todo comunicar melhor o que faz, em especial os benefícios à saúde e à imunidade que a prática regular de exercícios pode trazer.
Só assim construiremos a confiança necessária para que a população sedentária e fora de forma veja as academias como opção viável para promoção de saúde e lazer!
Por CLEVERSON COSTA: Empreendedorismo e Gestão de Negócios. Desenvolve soluções de Gestão no segmento de Health & Fitness. Palestrante, professor acadêmico e consultor.
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